Ação
apurou suposta fraude milionária em importações nos portos de
Itajaí e Navegantes
Foto:
Marcos Porto / Agencia RBS
A
Polícia Federal e a Receita Federal deflagraram no dia 16, a Operação Nebulosa,
ação conjunta contra um esquema fraudulento de comércio exterior que atuava
principalmente nos portos de Itajaí e Navegantes.
A
ação contou com a participação de 120 policiais federais e 55 servidores da
Receita, para o cumprimento 25 mandados de busca e apreensão e sete mandados de
prisão temporária.
Os
mandados de busca e apreensão ocorreram em empresas, órgãos públicos e casas
dos envolvidos no esquema. Os outros sete mandados de prisão temporária
expedidos pela Vara Criminal da Justiça Federal de Itajaí foram cumpridos em
Itajaí, Balneário Camboriú, São Paulo (SP), Santos (SP), Maringá (PR), Rio de
Janeiro (RJ) e Maceió (AL). Também foi feito o sequestro de bens de alguns
suspeitos, inclusive em Miami, somando aproximadamente R$ 10 milhões, além do
bloqueio de valores das contas bancárias dos investigados.
De
acordo com a PF, uma empresa sediada em Itajaí e dirigida por dois irmãos, que
já teriam sido alvo de uma investigação por fraudes semelhantes (Operação
Dilúvio), comandaria o esquema. Um dos suspeitos reside atualmente em Miami.
De
acordo com a Receita, foram identificadas condutas ilícitas, praticada por
importadores, empresários e despachantes aduaneiros e de peritos técnicos
credenciados pela Receita Federal.
Os
investigadores, com auxílio do governo dos Estados Unidos, identificaram o
esquema que consistia no registro de Declarações de Importação (DI) para a
nacionalização de mercadorias procedentes dos Estados Unidos e da China com
preços, entre outras coisas, que não correspondiam aos que verdadeiramente
foram negociados no exterior, iludindo, assim, os controles aduaneiros.
A
Receita informou que as empresas envolvidas gozavam de significativa vantagem
competitiva em função do recolhimento menor de impostos e da utilização de
empresas de forma fraudulenta no esquema. O grupo empresarial, sediado em
Itajaí (SC), com ramificações na cidade do Rio de Janeiro e em Maceió (AL),
fazia todos os trâmites de importação das mercadorias informando para a
Receita, como adquirente dos produtos, empresa sediada em Maceió. As
mercadorias, porém, eram desembaraçadas no Porto de Itajaí e entregues
diretamente a estabelecimentos em São Paulo.
Irregularidades
A
operação teria comprovado várias práticas irregulares do grupo importador e de
clientes investigados. Segundo a PF, foram verificadas várias divergências no
conteúdo das importações e nas classificações — algumas dessas diferenças
chegaram até 60% do valor declarado para importação em relação ao que era pago
no exterior.
São
apurados ainda crimes de associação criminosa, contrabando ou descaminho,
facilitação para o contrabando ou descaminho, violação de sigilo funcional,
falsidade ideológica, falsidade documental, uso de documento falso, sonegação
fiscal, falsificação de marcas e contrafação, remessa ilegal de valores ao exterior
e lavagem de dinheiro.
A
investigação também avalia a possível participação de servidores públicos
federais na facilitação do esquema, mediante a não adoção do procedimento
padrão em algumas fiscalizações. A PF informou que foi comprovado ainda que a
organização criminosa conseguia obter informações sigilosas quanto aos
controles aduaneiros realizados pela Receita Federal e pelo Decex.
A
operação foi batizada de Nebulosa em alusão ao nome de uma das empresas
envolvidas, que seria de uma constelação, e da situação de alguns funcionários
públicos suspeitos de integrar o esquema.
Envolvimento de pelo menos
três auditores da Receita
Organização
criminosa obteve informações sigilosas dos controles aduaneiros
(Foto: Luiz Souza/RBS TV)
Dois
auditores da Receita foram os alvos diretos da operação, e outros quatro estão
sendo investigados. Os dois primeiros sofreram buscas em suas casas e
escritórios. Apartamentos de empresários da região também teria sido alvo de
buscas pela PF e a Receita. Os servidores facilitariam a entrada de cargas
frias nos terminais de Itajaí e Navegantes.
A
Polícia Federal esperava um volume maior de prisões, mas apenas sete foram
expedidas pela Justiça, todas em caráter temporário.
Além
de recolher documentação, os policiais federais e servidores da Receita Federal
verificaram e nos portos, inclusive com cães farejadores.
Levantamento
da Receita indica que o grupo fez, nos últimos dois anos, operações de
importações que somam mais de US$ 30 milhões, mas as autuações por parte do
Fisco podem chegar a R$ 50 milhões por causa das irregularidades. Outra pena é
a inaptidão para operar no comércio exterior.
PF apreende R$ 41 mil em
casa de envolvido
A
Polícia Federal (PF) apreendeu R$ 41 mil na residência de um dos envolvidos na
operação 'Nebulosa'. O mandado de busca e apreensão foi cumprido em Itajaí, no
Vale.
Os
mandados foram cumpridos em cidades de cinco estados: Itajaí e Balneário
Camboriú (SC), São Paulo, Santo André e Santos (SP), Maringá (PR), Rio de
Janeiro (RJ) e Maceió (AL). Cumpriu-se ainda decisão judicial de sequestro de
bens no valor aproximado de R$ 10 milhões, inclusive em Miami, e de bloqueio de
valores nas contas bancárias de alguns dos investigados.
O esquema
Foram cumpridos sete mandados de prisão temporária
(Foto: Luiz Souza/RBS TV)
As
investigações começaram em outubro de 2013 a partir de uma representação fiscal
da alfândega da Receita Federal. A suspeita da Polícia Federal é que um grupo
importador que comandava o esquema em Itajaí recebia informações privilegiadas
de dois peritos terceirizados da Receita.
A
reportagem apurou que essa empresa seria a MSX Trading Exportação e Importação,
que fica no Centro de Itajaí. De posse das informações privilegiadas, a empresa
fraudaria documentos e subfaturaria as cargas que entravam no país. Também é
apurada a participação de servidores públicos federais que facilitariam a
entrada das mercadorias. O esquema teria movimentado cerca de US$ 30 milhões
nos últimos 24 meses.
O
delegado da Polícia Federal, Thiago Giavarotti, afirma que as pessoas presas
possuem relação direta com o grupo que comandava o suposto esquema em Itajaí.
Além da importadora, uma empresa que tem sede no Rio de Janeiro e funcionava em
Maringá também seria parceira na fraude. Foram identificadas ainda outras sete
empresas que seriam clientes do grupo.
Essas
empresas ganhavam uma vantagem inegável no comércio local. O destino da boa
parte dessas cargas, por exemplo, era a região da 25 de Março, em São Paulo, e
a região do Brás, que lida com tecidos. O subfaturamento gera danos enormes no
comércio local e, claro, tem a questão do não recolhimento de tributos —
comenta.
A
maior parte das mercadorias subfaturadas era de tecidos, miudezas para o
comércio varejista e peças de veículos. A partir de agora, a Polícia Federal
trabalha para identificar os destinatários das cargas importadas de forma
fraudulenta.
A
respeito da principal suspeita de comandar o suposto esquema a Polícia Federal
divulgou que, além de ficar em Itajaí, pertence a dois irmãos, que já teriam
sido alvo da Operação Dilúvio, em 2006. Um dos suspeitos mora atualmente em
Miami. O suposto esquema pode render multas de mais de R$ 50 milhões.
Os
sócios da empresa que comandaria um suposto esquema de fraudes em importações,
presos em Itajaí durante a Operação Nebulosa, foram ouvidos. Os depoimentos
foram tomados no Presídio da Canhanduba, onde estão detidos, e conforme o
delegado Thiago Giavarotti, eles não contribuíram com o avanço das
investigações. Eles prestarão depoimento novamente nos próximos dias, assim
como auditores da Receita Federal e funcionários de outras empresas — que não
estão presos, mas foram intimados a depor.
Conforme
levantado pelo Sol Diário, os sócios da empresa da empresa MSX Trading
Exportação e Importação, que fica no Centro de Itajaí, os irmãos Márcio Silva
Xavier e Celso Xavier comandavam o sistema. A reportagem apurou ainda que a
Orion Trading Ltda, de Maringá (PR), seria outra empresa envolvida nas fraudes.
O
delegado Giavarotti informou que as investigações continuam, mas não divulgou
mais detalhes para não atrapalhar o andamento do processo.
Temporariamente
uma medida cautelar impede que parte dos investigados, presos ou não, atuem no
comércio exterior. Os presos em Itajaí foram levados para o presídio da
Canhanduba.
Fonte:
Agência Brasil - Diário Catarinense – Sol Diário - G1 – RBSTV
Edição:
Segurança Portuária Em Foco
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