Na
sexta-feira (19) estive no Porto do Rio de Janeiro e verifiquei que os lixos e
as sucatas, que estavam armazenadas há anos naquele local, começaram a ser
retiradas. Será que podemos considerar o dia 19 de setembro com um marco
historio em que o Porto do Rio, um bem público, foi recuperado pelo interesse
público? Desejo que as saídas das sucatas e dos lixos representem a imagem de
uma nova etapa para o nosso porto, em todos os sentidos. Da mesma forma, espero
que a operação de retirada não seja interrompida e que o porto se livre de uma
vez por todas de atos e fatos como esse.
Precisou
a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), através da
Superintendência de Fiscalização e da Unidade da Agência no Rio de Janeiro,
intervir no caso e exigir a imediata remoção do material para que a coisa
andasse. Não fosse a ANTAQ, o escárnio poderia teria continuado por mais 60
dias, no mínimo. Infelizmente, vejo que a Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ)
ainda não é capaz de cuidar do quintal da sua própria casa. Resta saber, se na
casa dos que autorizaram esse absurdo existem tantas sujeiras. É certo que não,
sempre lembrando que, segundo a CDRJ, o material pertence à arrendatária
Triunfo Logística.
No
dia 18 de setembro, recebi da Assessoria de Comunicação da CDRJ a informação de
que a arrendatária obteve a bondade de mais 60 dias de prazo para retirada do
material, o que causou grande revolta, principalmente, considerando que ela já
tinha descumprido o excelente prazo de 84 dias anteriormente concedido. Da para
imaginar que, se o tema não tivesse sido abordado pelo UPRJ e pela grande
mídia, destaque-se, coma importantíssima intervenção da ANTAQ, outras tantas
prorrogações, quantas fossem necessárias para atender interesses privados em
detrimento do interesse público, provavelmente, pelos anos que o material ali
estava, seriam concedidas, isso sem mencionar a estratégia de deixar o tema
esfriar em banho maria.
Na
mesma mensagem que recebi da Assessoria de Comunicação da CDRJ, baseando-me na
Lei de Acesso à Informação, considerando que o Porto do Rio de Janeiro é um bem
público, fiz algumas perguntas, as quais eu espero sejam respondidas de forma
não evasiva e rápida, vez que são questões extremamente objetivas e simples de
serem explicadas se, obviamente, a CDRJ tiver controle das suas atividades,
comprometimento com a concessão pública e com o seu papel de Autoridade
Portuária.
Seja
como for, a saída do material não significa o fim dessa história, até porque,
as oficinas mecânicas continuam no cais e diversos outros problemas e
irregularidades ainda persistem, como por exemplo, operações de cargas e
descargas de caminhões executadas por operador portuário em área de uso comum
do porto (de circulação de veículos), fora do arrendamento.
Enfim,
as responsabilidades precisam ser apuradas com rigor e com lavraturas de autos
de infração. O exemplo deve ser dado, vez que, como o órgão que fará a autuação
será a ANTAQ, gerará um precedente nacional no que diz respeito ao
armazenamento de lixos e sucatas, bem como ao desordenamento dos portos
públicos. Mais do que atuar, desejo ver a ANTAQ autuar.
A
desunida Comunidade Portuária do Rio de Janeiro vive dizendo que a cidade não
valoriza o seu porto. Porém, nem a própria Comunidade o valoriza, pois passa
todos os dias e há anos na frente daqueles lixos e sucatas e nada fala, nada
faz. Trata o caso como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Sim,
tomar atitudes é bem mais difícil do que ficar pelos cantos reclamando e
criticando os outros, quando, na verdade, também somos cúmplices dos absurdos
portuários nossos de todos os dias. Sim, cobrar, se expor, confrontar ideias e
ferir interesses é complicado. Mas, acho que ter um porto mal gerido, desorganizado
e com esse aspecto sujismundo e bagunçado, é muito mais complicado. Se, é nosso
desejo que a cidade valorize o porto, que a prefeitura do Rio de Janeiro cuide
da região portuária, será necessário que a postura da Comunidade Portuária mude
radicalmente e que passe a valorizar e a fiscalizar o seu porto.
O
Porto do Rio de Janeiro é um problema de cada um de nós. Da mesmíssima forma,
devem ser tratados os portos de Itaguaí, Angra dos Reis, Niterói e Forno.
Quando os portos perdem, também perdem os usuários, os transportadores
rodoviários, os despachantes aduaneiros, os agentes marítimos, os agentes de
cargas, ou seja, todos que deles dependem. Consciência portuária também é
consciência social.
Fonte:
UPRJ (André de Seixas)
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