Roberto Cicliatti Troncon Filho
O
Porto de Santos ampliou suas ações de combate ao crime. O diagnóstico faz parte
das conclusões do superintendente da Polícia Federal (PF) de São Paulo, Roberto
Cicliatti Troncon Filho. Para se ter uma ideia, em 2012, a Polícia Federal
apreendeu 350 quilos de cocaína no complexo santista. No ano passado, foram
praticamente 2,5 toneladas - um aumento de quase 60%. Para Troncon, esses
números também evidenciam como há brasileiros adictos nesta droga. Leia, a
seguir, a entrevista concedida pelo superintendente, em passagem pela região
para a inauguração do posto da Polícia Federal no Miramar Shopping, em Santos.
Como a cocaína chega ao
Porto de Santos?
A
maior parte apreendida aqui é uma droga destinada ao exterior. O Brasil é hoje,
infelizmente, o segundo maior consumidor de cocaína e outras formas de
apresentação no mundo. Apenas os Estados Unidos estão na nossa frente. O Brasil
tem um grande mercado negro de cocaína e seus derivados, por conta da
proximidade dos países produtores (Colômbia, Peru e Bolívia). Pela
permeabilidade da nossa extensa fronteira e pelo tamanho da nossa população,
que melhorou de renda na última década, esse consumo aumentou. Parte dessa
droga ingressa pelo território nacional e sai por aeroportos e portos.
O crime tenta dominar o
Porto de Santos?
Eu
diria que portos e aeroportos, as grandes entradas e saídas de pessoas e
mercadorias, em todo mundo, são pontos críticos. Pontos sensíveis onde os
grupos criminosos procuram se estabelecer e utilizar como meio de importação e
exportação de produtos ilícitos. O Porto de Santos não é diferente. É uma área
muito importante do comércio brasileiro e que está em expansão, sendo utilizado
também pelos grupos criminosos.
Para onde vai essa cocaína?
O
destino é a Europa, a África e a Ásia. Santos, por ter o maior porto de cargas
da América Latina, é também um local por meio do qual os grupos criminosos
tentam arremeter drogas para o exterior. A Polícia Federal tem acompanhado e
intensificado o trabalho nesta área, em parceria com a Receita Federal e outros
órgãos. O aumento da apreensão dos últimos dois anos é resultado deste
trabalho.
Como o Porto está equipado
para combater o tráfico?
O
Porto tem se modernizado bastante e as instituições também, tanto a Receita
Federal quanto a Polícia Federal. A melhoria chega em termos de capacitação de
pessoal e equipamentos, com novos scanners de cargas, por exemplo. Hoje, o
Porto está mais seguro agora do que era no passado e esperamos que no futuro
esteja melhor ainda.
O Porto recebe uma
quantidade grande de refugiados. Como a Polícia Federal lida com eles?
Os
refugiados no Brasil, que é um país signatário da convenção da ONU para
refugiados, têm um tratamento específico. Aquele que chega ao território
nacional por aeroporto, porto ou fronteira pede o refúgio e a Polícia Federal
apenas o encaminha para o Conselho Nacional de Refugiados, que vai decidir
sobre esse pedido. A gente cumpre a lei e quem decide se concede ou não (o
refúgio) é o Conselho.
Fonte: Jornal a Tribuna
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