Foto:
Agência de Combate às Drogas dos EUA
Os
Los Urabeños, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), a La
Familia Michoacana e outras organizações do narcotráfico utilizam logomarcas
distintas para identificar suas cargas de cocaína enviadas a El Salvador,
Bolívia e Argentina.
O
uso de logomarcas para identificar remessas de cocaína tornou-se tão comum que
os órgãos de segurança pública estão catalogando as insígnias para rastrear as
atividades de narcotráfico dos grupos do crime organizado.
A
Comunidade Latino-Americana e do Caribe de Inteligência Policial (CLACIP),
formada por 25 órgãos de segurança da região, está catalogando a utilização de
logomarcas pelas organizações de narcotráfico.
Colômbia,
El Salvador, Bolívia e Argentina são alguns dos países onde as logomarcas estão
sendo adotadas para identificar os grupos do crime organizado responsáveis por
cargas específicas. As forças policiais latino-americanas registraram milhares
de logotipos usados por organizações criminosas transnacionais e gangues
locais. Isso inclui emblemas de times de futebol e até caricaturas de desenhos
animados associados a rotas do narcotráfico.
Traficantes usam cada vez
mais as logomarcas
Os
grupos do narcotráfico que operam na América Latina e na região do Caribe estão
usando logomarcas para identificar suas cargas de cocaína com cada vez mais
frequência, diz Erubiel Tirado, diretor do Programa de Estudos de Segurança
Nacional da Universidade Ibero-Americana (UIA), na Cidade do México.
De
acordo com Tirado, os cartéis adotam logomarcas para se distinguir uns dos
outros e difererenciar seu “produto” do de outros narcotraficantes. As
logomarcas indicam que os traficantes produziram e pretendem distribuir determinados
volumes de drogas.
“Selos
ou logomarcas tornaram-se uma marca de certificação ou sinal de identificação
dos cartéis de drogas”, explica Tirado. “Antes, eles se identificavam com uma
assinatura.”
Geralmente,
grandes cargas de cocaína têm duas logomarcas de identificação. O produtor de
cocaína coloca a primeira diretamente sobre a droga antes de ser embalada. Esse
selo representa a origem da droga e atesta sua qualidade e pureza. Existem
laboratórios envolvidos na produção ou no armazenamento de drogas para cartéis
diferentes, de forma que esses locais adotam selos, logomarcas ou decalques
diferentes para identificar a quem pertence a cocaína antes de ser transportada
para países como Colômbia, El Salvador, Bolívia e Argentina.
A
segunda logomarca é a marca do fornecedor, de acordo com o blog do argentino
Norberto López Camelo, ex-comandante de uma unidade de polícia provincial na
Argentina responsável por investigar o tráfico de drogas.
Segundo
uma reportagem do jornal Semana, grandes cargas de drogas normalmente pertencem
a mais de um cartel de drogas. Chefões do narcotráfico às vezes trabalham
juntos para coordenar grandes remessas e reduzir os custos do transporte.
Nessas parcerias, os diferentes cartéis marcam sua carga com suas respectivas
logomarcas.
De
acordo com Tirado, os barões do narcotráfico sabem que as autoridades estão
rastreando as logomarcas e estão tentando se adaptar. “Chefes das drogas sabem
que este tipo de rótulo pode ser uma ferramenta útil para as autoridades usarem
como prova para processá-los”, afirma Tirado. “Por esse motivo, os chefes
diversificaram e expandiram suas seleções de marcas nas drogas para escapar da
justiça.”
Colombianos iniciaram adoção
de logos
As
primeiras organizações do narcotráfico a utilizar logomarcas para identificar
cocaína foram as colombianas e depois as mexicanas. Nos anos 80, os cartéis de
Cáli e Medellín marcavam suas cargas com selos ou símbolos para evitar o furto
de drogas.
A
logomarca aplicada a drogas depende da criatividade do produtor ou do grupo
criminoso. Organizações criminosas transnacionais adotam caricaturas,
combinações de letras ou símbolos, emblemas de times de futebol, imagens de
desenhos animados, números romanos, marcas de automóveis e logomarcas da mídia.
Em
abril de 2014, agentes da Polícia Nacional da Colômbia apreenderam 7 toneladas
de cocaína no porto de Cartagena, 1.200 km ao norte de Bogotá. As drogas
estavam escondidas em pacotes dentro de um contêiner com o número 800, com a
logomarca da fabricante de veículos KIA e o símbolo da Yamaha.
As
autoridades acreditam que os pacotes de cocaína marcados com o número 800
pertenciam aos Los Urabeños, e os demais, a um grupo mexicano de narcotráfico.
A polícia não forneceu mais detalhes, pois o caso ainda está sendo investigado.
Em
fevereiro de 2014, agentes da Diretoria Antinarcóticos do Equador apreenderam
949 kg de cocaína durante a “Operação Amanhecer”. As drogas estavam escondidas
dentro de um barco de pesca a pouco mais de 16 km da Ilha de Puna, na província
de Guayas. Os pacotes de cocaína estavam etiquetados com logomarcas de empresas
de automóveis, como BMW, Toyota e Volvo. As autoridades suspeitam que a cocaína
pertencia à La Familia Michoacana (LFM), organização criminosa transnacional
baseada no México. O cartel transporta drogas através do Equador em direção ao
México.
Em
junho de 2009, agentes de segurança colombianos apreenderam 342 kg de cocaína
no município de Tumaco. As autoridades informaram que a droga pertencia a uma
facção das FARC. Os pacotes tinham o símbolo de um urso panda e as letras KTM.
Em
outubro de 2011, agentes da Polícia Nacional da Colômbia apreenderam 400 kg de
cocaína na cidades de Cáli e Córdoba. Os pacotes com a droga tinham a logomarca
da rede de televisão CNN. As autoridades suspeitam que a carga pertencia aos
Irmãos Calle Serna, também conhecidos como Los Comba. Eles são chefes do Los
Rastrojos, grupo de narcotráfico baseado na Colômbia que fornece cocaína aos
cartéis mexicanos de drogas.
Em
El Salvador, as forças de segurança identificaram cerca de 21 cargas de drogas
com logomarcas estampadas nos pacotes. Entre estas, havia imagens dos desenhos
animados Piu-Piu (dos Looney Tunes), Hello Kitty, Popeye e caricaturas do
Batman e da série mexicana cômica de TV “El Chavo del Ocho”.
Catálogos de logomarcas do
narcotráfico
A
CLACIP compilou um catálogo com cerca de 500 logomarcas utilizadas por organizações
de tráfico de drogas.
A
União Europeia (EU) está formando um catálogo com as logomarcas adotadas por
grupos do narcotráfico, entre as quais imagens da FIFA, da Coca-Cola e do
Vaticano, o emblema do time de futebol argentino Club Atlético Boca Juniors e
outros. As autoridades da UE esperam que o catálogo ajude as forças de
segurança a estabelecer vínculos entre as drogas apreendidas em países
diferentes para identificar rotas do tráfico de drogas.
“Sempre
que há uma apreensão de drogas e os [agentes] antidrogas encontram algum tipo
de logomarca no local da ocorrência, eles começam a procurá-la no catálogo
internacional. Se não a encontram, informam à CLACIP para que a organização
possa incluí-la no catálogo e alertar os outros membros”, disse Marco Tulio
Lima, chefe da Divisão Antinarcóticos (DAN) da polícia de El Salvador, ao
jornal El Mundo.
De
acordo com Tirado, catalogar as logomarcas usadas pelos traficantes de drogas é
uma maneira de os agentes da lei monitorarem as atividades dos grupos do crime
organizado e as rotas usadas por eles.
Fonte:
Diálogo
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