A
Alfândega do Porto do Rio de Janeiro apreendeu R$ 10 milhões em obras de arte e
17 toneladas de mercadorias após realizarem uma fiscalização em dois contêineres
que vinham dos Estados Unidos. Segundo a Receita Federal, as mercadorias eram
de brasileiros que estavam se mudando do exterior para o Brasil. As
investigações apontam que os responsáveis pelos contêineres teriam trazido
bagagens de terceiros com o objetivo de ocultar a pessoa que teria comprado.
Entre
as obras de arte apreendidas estão quadros e esculturas de renomados artistas
como Beatriz Milhazes, Sérgio de Camargo, Anish Kapoor, Ivan Navarro, entre
outros, totalizando 20 obras, adquiridas em leilões e galerias internacionais.
O
caso foi descoberto depois que funcionários da Receita Federal inspecionaram
dois contêineres que vinham dos Estados Unidos. Um deles trazia a mudança de
uma manicure brasileira que morou naquele país por 21 anos. Além do contêiner
com a mudança da brasileira, os agentes encontram obras de arte numa segunda
caixa, que entrou no Brasil trazendo, supostamente, antenas parabólicas. Dentro
dela, foi localizado um trabalho do brasileiro Sérgio Camargo, avaliado em R$ 2
milhões, e outro do indiano Anish Kapoor.
“Estava
no fundo do contêiner, e veio declarada como antena parabólica. Os colegas da
fiscalização acharam estranho e foram atrás da informação, e chegamos à
conclusão de que se tratava de uma obra de arte que havia sido arrematada em um
leilão pelo valor de US$ 1 milhão”, destaca o inspetor-chefe da Alfândega da Receita
Federal no Porto do Rio, Ricardo Lomba.
Os
brasileiros em retorno ao País seriam cooptados por agentes no exterior para
declararem em suas bagagens diversos bens de terceiros visando o não pagamento
de tributos, ocultando o real comprador, bem como a origem dos recursos
utilizados em sua aquisição. Há casos ainda em que o viajante tem diversos bens
inseridos em sua bagagem, sem o seu conhecimento. As mercadorias que ingressam
no País, declaradas como bagagem estão isentas de tributos, desde que atendidos
os requisitos legais.
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Investigações Receita
Federal
Além
das obras de arte, foram apreendidas 17 toneladas de móveis, eletroeletrônicos,
equipamentos esportivos etc. Os tributos que deixariam de ser pagos com o ingresso
irregular desses bens somariam mais de R$ 6 milhões. A Receita Federal está
investigando, além da sonegação fiscal, a possibilidade de ocorrência do crime
de lavagem de dinheiro.
A
Receita Federal constituiu o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) e o Museu
Nacional de Belas Artes como fieis depositários das obras, para que elas sejam
guardadas temporariamente em um ambiente que possa resguardar sua integridade e
seu estado físico. O processo de perdimento já foi aplicado e, caso não haja um
reclamante legal da posse das mesmas, elas serão destinadas definitivamente ao
Acervo Brasileiro de Museus, conforme prevê a legislação.
Receita doará obras
apreendidas ao Museu Nacional de Belas Artes
Obras
de grande valor para a arte contemporânea, que provavelmente acabariam na
parede de algum colecionador, ganharão um novo destino, em função de importação
irregular, e deverão ser incorporadas ao acervo do Museu Nacional de Belas
Artes, no Rio de Janeiro em agosto, segundo a diretora, Monica Xexéo.
"Trata-se
de um conjunto pequeno, mas expressivo, não só pelos artistas, mas também pelo
período das obras, dentro do panorama da história internacional. As obras irão
completar hiatos da nossa coleção" disse ela. "Será uma doação
extremamente importante para a sociedade brasileira. Para nós, é uma grande
honra e um desafio. Estamos muito contentes em poder receber, tratar e devolver
este material para a sociedade."
Os
brasileiros Cildo Meireles, Jorge Guinle, Daniel Senise, Beatriz Milhazes e os
estrangeiros Niki de Saint-Phalle e Michelangelo Pistoletto são alguns dos
artistas cujas obras apreendidas têm reconhecido valor artístico e de mercado.
De acordo com a Receita Federal, juntas devem valer R$10 milhões.
Mônica
Xexéo adiantou que alguns artistas terão suas obras expostas no Brasil pela
primeira vez, como o indiano Anish Kappor, cuja escultura foi comprada por mais
de US$1 milhão. Outra obra valiosa é a do brasileiro Sérgio Camargo que chegou
a ser leiloada no exterior por US$ 2 milhões.
Coordenadora
do museu, Daniela Matera foi uma das técnicas a ver as obras no Porto do Rio
para atestar a autenticidade das obras. "Não tínhamos ideia do que iríamos
encontrar, e nossa surpresa foi muito grande. Foi uma alegria dar de cara com
um Daniel Senise, um Sérgio Camargo, e ter a possibilidade de ver obras expostas
para a sociedade", contou.
Esta
foi a segunda doação da Receita Federal ao Museu Nacional de Belas Artes. A
primeira foi em 2006, após um quadro de Cândido Portinari, Caçador de
Passarinho, ser apreendido no Porto de Santos quando tentavam retirar a obra
ilegalmente do país. Hoje, se encontra exposta no terceiro andar do museu.
Desde
2013 a Lei 12.840 prevê a destinação de bens de valor cultural, artístico ou
histórico aos museus nas hipóteses de apreensão, dação em pagamento de dívida
ou abandono de obras.
Fonte:
Globo.Com / UOL – Edição Segurança Portuária Em Foco
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