Para muitos,
ser sindicalista é meramente ser eleito para a diretoria de um sindicato, no
entanto, o papel do sindicalista é muito maior, o dirigente sindical tem o papel
de conduzir sua categoria na luta pelos seus direitos e por novas conquistas.
O papel do
sindicalista é defender o sindicalismo e não o sindicato. Enquanto o sindicato
é o órgão representativo da classe trabalhadora, o sindicalismo tem como ponto
fundamental uma ideologia política.
Sindicalista
Pelego
O termo
pelego foi popularizado durante a era Vargas, nos anos 1930. Imitando a Carta
Del Lavoro, do fascista italiano Mussolini, Getúlio decretou a Lei de
Sindicalização em 1931, submetendo os estatutos dos sindicatos ao Ministério do
Trabalho. Pelego era o líder sindical de confiança do governo que garantia o
atrelamento da entidade ao Estado. Décadas depois, o termo voltou à tona com a
ditadura militar. "Pelego" passou a ser o dirigente sindical indicado
pelos militares, sendo o representante máximo do chamado "sindicalismo
marrom". A palavra que antigamente designava a pele ou o pano que amaciava
o contato entre o cavaleiro o termo virou sinônimo de traidor dos trabalhadores
e aliado do governo e dos patrões.
O Sindicalismo na Ditadura
Entre
os anos de 1964 e 1971 a
ditadura militar decretou intervenção em 573 sindicatos, federações e
confederações sindicais. Policiais e agentes civis do regime se tornaram
interventores no movimento sindical. O sindicalismo passou a ser totalmente
controlado pelos aparelhos militares.
Sindicalização
da Guarda Portuária
Em
1966, com a promulgação do Decreto Lei nº3, em 27 de janeiro, foi vedada a
vinculação sindical dos integrantes da Guarda Portuária:
- Art 9º As guardas portuárias, como
fôrças de policiamento, ficam subordinadas aos Capitães dos Portos, vedada aos
seus integrantes tôda e qualquer vinculação ou atividade de caráter sindical.
Em 1988 depois
de praticamente duas décadas a Guarda Portuária readquiriu, com a promulgação
da Constituição Federal de 5 de outubro de 1988, o direito sindical.
Em Santos, na
época, os integrantes da categoria optaram por se filiar ao Sindicato dos
Empregados na Administração Portuária – Sindaport, abdicando da criação do
sindicato próprio, pois aqueles que apresentavam essa proposta eram vinculados à
chefia da época, daí o receio de vir a ser um sindicato pelego.
De lá para cá,
por várias vezes, se pensou na criação do sindicato da Guarda Portuária do
Estado de São Paulo. Uma das primeiras opções pensadas foi a transformação da
extinta Associação Beneficente da Guarda Portuária em sindicato, no entanto,
esta idéia sempre barrou em quem seriam os lideres sindicais.
Posteriormente
foi criada a Associação Profissional da Guarda Portuária – APROGPORT, no intuito
de pressionar o sindicato. Mesmo sem ter a representatividade sindical, os
dirigentes desta entidade foram responsáveis por várias ações em pró da
categoria, entre elas, o movimento “O Trânsito é Nosso”, posteriormente
encampado pelo Sindaport, o qual culminou com a lei que possibilitou a Guarda
Portuária a atuar na fiscalização do trânsito. Atualmente a Aprogport perdeu em
parte a sua finalidade, pois a grande maioria dos seus diretores passaram a ser
também, diretores do Sindaport.
No Brasil
temos portos com sindicatos próprios da Guarda Portuária com atuação pífia, portos
com sindicatos da Guarda Portuária que já tiveram atuação pífia em outras épocas,
no entanto, após a mudança da diretoria, se tornaram atuantes, tanto no cenário
local como nacional, temos portos com sindicatos dos portuários representando a
Guarda Portuária, tendo em seus quadros de diretoria guardas portuários, com
atuação marcante tanto a nível local como nacional.
A Guarda Portuária
de Santos, como a do Rio de Janeiro, mesmo não tendo sindicatos próprios estão
sempre sendo representadas em Brasília. Paranaguá e Itajaí são outros portos em
que a Guarda Portuária é representada pelo sindicato dos portuários, com atuação
marcante em movimentos em pró da categoria.
Muitas
vezes, também vemos defensores da categoria, que lutam em pró dela, mesmo não tendo
o sindicato por trás, exercendo o papel do verdadeiro sindicalista, enquanto
que aquele que está à frente do sindicato senta a mesa ao lado do patrão e obtém
para si benefício próprio.
O verdadeiro
sindicalista é aquele que defende o sindicalismo, que senta a mesa de frente
para o patrão, e luta em defesa da categoria, sendo assim, a pergunta que fica
é: Precisamos de Sindicatos ou Sindicalistas?
Carlos Carvalhal
Inspetor Chefe de Serviço e Supervisor de Segurança
da Guarda Portuária do Porto de Santos
NINGUÉM É DONO DA VERDADE.
ResponderExcluirMAS, AGUÇAR ESSE DEBATE É DE GRANDE VALIA.
O QUE NOS CHAMA ATENÇÃO É A FRANQUEZA COM QUE CERTOS COMPANHEIROS, DIRIGENTES SINDICAS OU NÃO, TEM AO FALAR, CONSIDERANDO A FORMA COMO FALAM, COM CERTOS COMPANHEIROS COM OS QUAIS ESTIVERAM EM CERTAS LUTAS JUNTOS; MAS, QUANDO SE REPORTAM A PATRONAL, NÃO FALAM DO MESMO JEITO, OU SEJA, OS AFAGOS DO PODER OS SILENCIAM OU MUDAM SUAS CONDUTAS, PONDO EM EVIDENCIA A INTERFERENCIA DO ESTADO NA SINDICAL INICIADA NA ERA VARGAS.
CILENO BORGES