A
Polícia Civil de São Paulo prendeu quatro pessoas de uma quadrilha suspeita de
adulterar soja destinada à exportação pelo Porto de Santos, no litoral do estado
de São Paulo. Seis caminhões, com 200 toneladas de grãos que substituiriam a
soja, foram apreendidos no último dia 06 de março. O carregamento fazia parte de
um esquema de adulteração de cargas de soja que funcionava havia pelo menos
seis meses no Estado, informou a Polícia Civil.
O
esquema, que desviou milhares de toneladas de soja que seria enviada ao
exterior, era composto por motoristas, funcionários do Porto de Santos e,
principalmente, donos de empresas tradings (empresas que fazem a intermediação
entre o exportador e o importador) compradoras e secadoras de grãos. Quatro
pessoas foram presas, e três empresários, de Santos, Ourinhos e Assis, tiveram
a prisão decretada, pelo delegado João Beffa, da Delegacia de Investigações Gerais
(DIG) de Ourinhos (SP).
Os
caminhões, que deveriam estar carregados com 200 toneladas de soja, estavam com
apenas 20% da carga ocupada pelo grão, o volume restante era formado por milho
e trigo de má qualidade.
Segundo
o delegado João Beffa, titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de
Ourinhos, há seis meses sua equipe investigava o esquema, que pode ter desviado
milhares de toneladas de soja no período. "Esses dias, 13 caminhões
tiveram de retornar do Porto de Santos porque a carga não foi aceita",
contou. "Infelizmente não apreenderam os carregamentos", lamentou.
Na
tarde de quinta-feira (06), Beffa decidiu dar o flagrante, em uma operação
realizada no Posto Cometa, na Rodovia Raposo Tavares (SP-270), onde três
caminhões aguardavam para seguir viagem a Santos. "Quando abrimos,
constatamos que apenas 20% da carga, que ficava por cima, era soja. O restante,
embaixo, era milho e trigo de má qualidade, sem preço de mercado", contou.
“A gente sabe que eles usaram outros produtos, como refugo de soja, sorgo e de
alho, que nem tem preço no mercado”, disse.
Na
operação, foram apreendidas as carretas, e com os motoristas e o batedor, uma
arma e munição, além de R$ 49,5 mil em dinheiro, que seria usado para suborno.
“Todos ganhavam no esquema, caminhoneiros, funcionários do porto, como os
classificadores de carga, e principalmente, os empresários que compravam a soja
e carregavam os produtos falsos dentro de suas empresas”, afirmou. Segundo o
delegado, o conferente, por exemplo, recebia R$ 1,5 mil para liberar a entrada
de cargas no Porto de Santos.
De
acordo com Beffa, três caminhões com cargas de soja adulteradas foram apreendidos
no Porto de Santos na sexta-feira (07), mas o número de apreensões poderia ser
maior. “Recentemente, 13 caminhões foram proibidos de descarregar e ficaram
esperando autorização lá. Infelizmente, essas cargas não foram apreendidas”,
disse. Nesta sexta-feira, o delegado pediu a prisão de donos de tradings
compradoras de grãos. “Pedimos a prisão de três deles, que temos provas de
envolvimento no esquema”, afirmou.
Segundo
o delegado, o esquema era feito bem antes das investigações terem inicio.
“Desconfio que este esquema era feito havia muito tempo. E sabemos que ele não
era só praticado nesta região, continua em outras regiões.” O delegado disse
ter recebido muitas ligações denunciando adulterações em outras regiões do
País, que ele não quis divulgar quais eram. “Temos o caso de que até soja
queimada num silo que pegou fogo foi usada para adulterar cargas”, contou.
Além
disso, para o delegado, o esquema também ocorre com outros produtos. “Não tenho
provas, por isso não posso dizer quais, mas é possível que outros produtos
enviados para exportação também estejam sendo adulterados”, disse.
Fonte:
Terra / Exame
Edição:
Segurança Portuária Em Foco
quem sao os empresarios envolvidos
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