A
Polícia Federal deflagrou na manhã do dia 20 de março a operação “Monte Pollino”,
com a finalidade de desarticular organização criminosa especializada no envio
de cocaína sul-americana para a Europa. A droga era embarcada em navios de
carga no Brasil e era enviada para diversos portos europeus.
Além
de Brasil e Itália, foram cumpridos simultaneamente mandados de prisão e de
busca na Espanha, em Portugal, no Reino Unido, na Holanda, na Sérvia, em
Montenegro e no Peru, com apoio da Interpol e dos adidos da PF na Inglaterra,
na Itália e na Espanha – policiais destacados para realizarem suas atividades
no exterior. Cerca de 70 policiais federais participam da ação no Brasil. 12
pessoas foram presas, sendo 10 no Brasil, uma na Espanha e uma na Itália. Oito
acusados ainda estão foragidos no Brasil e no exterior.
Além
dos presos nesta data, outras seis pessoas foram presas em flagrante, desde o
início da investigação brasileira. Foram apreendidas 1,3 toneladas de cocaína e
760 mil dólares. A 2ª Vara da Justiça Federal de Santos/SP, a pedido da PF,
determinou o sequestro de imóveis e veículos pertencentes à organização
criminosa no valor de R$ 3 milhões.
A
investigação iniciou-se em fevereiro de 2013, quando a Polícia Federal recebeu
um pedido de cooperação jurídica internacional, vindo da Itália, narrando a
existência do esquema criminoso. Apurou-se que uma organização criminosa
brasileira adquiria a droga no Peru e na Bolívia e a trazia para o Brasil. Daqui,
ela era embarcada em navios de carga, tendo como destino diversos portos
europeus.
O
grupo, composto por cidadãos brasileiros, chilenos, bolivianos e europeus,
estava baseado na cidade de Santos/SP e executava todas as tarefas necessárias
para a exportação da droga: desde sua aquisição, recepção no Brasil,
acondicionamento e embarque em navios com destino à Europa, partindo
principalmente do Porto de Santos/SP.
A
droga tem como destino principal a Itália, e os compradores pertencentes à
Máfia ‘Ndrangheta, atuante na região da Calábria. A investigação italiana foi
batizada de Operação Bongustaio e investigava os compradores da droga. Ela foi
deflagrada simultaneamente com a investigação brasileira, havendo pessoas
investigadas simultaneamente nos dois países.
Os
investigados serão indiciados e responderão, na medida de suas participações,
pelos crimes de tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e
financiamento da prática do tráfico transnacional, cujas penas variam de 3 a 30
anos de reclusão.
A
cooperação entre as polícias brasileira e italiana possibilitou desarticular a
principal rota do narcotráfico internacional, que tinha como base o Porto de
Santos. Doze pessoas acusadas de integrar a organização criminosa foram presas
no Brasil, na Espanha e na Itália, sendo quatro deles somente na Baixada
Santista.
O
grupo tinha ligação com ‘Ndrangheta, máfia calabresa, na região sul da Itália,
apontada como a mais poderosa atualmente no mundo pelo seu elevado faturamento
e por estar infiltrada em diversos países. Além do tráfico, explorava nesses
países negócios revestidos de aparente legalidade para possibilitar a lavagem
de dinheiro.
Cooperação
As
investigações tiveram início na Itália em 2010, recebendo o nome naquele país
de “Operação Bongustaio”. Em fevereiro de 2013, as autoridades italianas
solicitaram pedido de cooperação à Polícia Federal brasileira, que deflagrou em
território nacional a “Operação Monte Pollino” para dar sequência as apurações.
Segundo
o delegado Osvaldo Scalezi Júnior, a máfia importava cocaína com elevadíssimo
teor de pureza do Peru e Colômbia. Por via terrestre, a droga saía desses
países produtores e era armazenada na região de Campinas.
Com
a definição do navio no qual o entorpecente seria embarcado em Santos, ele era
acondicionado em malas e mochilas de viagem. Estas, por sua vez, eram ocultadas
entres os mais variados tipos de carga em contêineres. O destino da cocaína era
diversos portos europeus, mas dois deles merecem destaque.
Um
desses portos é o italiano de Gioia Taura, na região da Calábria. Por ficar
mais perto da base da ‘Ndrangheta, ele recebeu o maior número de remessas de
cocaína despachadas por Santos. O outro é o português de Leixões, no qual houve
a maior apreensão da droga (313 quilos), em 15 de outubro de 2012.
Porém,
por questões logísticas, portos da Espanha, Alemanha e Bélgica também fizeram
parte das rotas da máfia calabresa, que depois se incumbia de realizar a
distribuição do entorpecente no território europeu.
O
delegado Scalezi estimou que a organização criminosa recebia do Brasil de 100 a
150 quilos de cocaína por semana.
Esquema teve 1,3 toneladas
de cocaína apreendida
A organização criminosa teve interceptada 1,3 toneladas de cocaína desde o início das investigações realizadas pelas polícias italiana e brasileira, com a colaboração das autoridades de outros países da Europa. No mercado europeu, essa quantidade de droga apreendida poderia atingir a cifra de 10 milhões de euros (R$ 32 milhões).
Chileno liderava braço da
máfia no Brasil
Um
chileno era a principal peça do braço brasileiro da máfia calabresa ‘Nadrngheta,
com tentáculos espalhados por boa parte do mundo morava na Rua Botafogo, no
Bairro Guilhermina, em Praia Grande. O chileno Tomasin Rivera Milan Rayco, de
51 anos, foi preso em sua casa por agentes da Polícia Federal
Entre
os outros três presos da região, dois trabalham em empresas da área portuária.
“eles foram corrompidos pela organização criminosa para identificar os navios e
contêineres com destino aos portos participantes do esquema na Europa, nos
quais a máfia tinha facilidade para retirar o entorpecente”, informou Osvaldo Scalezi
Júnior.
As
demais capturas realizadas no Brasil ocorreram na região de Campinas. Sobre a
prisão efetuada na Espanha, o delegado da PF revelou que ela envolve uma mulher
brasileira, “braço financeiro da organização responsável pela remessa de
dólares ao Brasil para pagar a cocaína comprada”.
Em
contrapartida, uma brasileira, Maria de Fátima Stocker, de 42 anos, radicada na
Europa se destacava na engrenagem da organização criminosa nas estratégicas
relações com parceiros da América do Sul.
Essa
acusada residia na Inglaterra e, recentemente, mudou-se para a Espanha. Para
enviar os dólares ao Brasil, ela se valia de passageiros de aviões, que se
passavam por turistas e transportavam o dinheiro em suas bagagens de mão.
Durante as investigações, a PF apreendeu 760 mil dólares com essas mulas em
aeroportos.
Em
território brasileiro, outros braços financeiros da organização se incumbiam de
receber o dinheiro das mulas e efetuar os pagamentos em praças de alimentação
de shoppings e em supermercados de São Paulo. Locais movimentados eram
escolhidos para evitar ao máximo chamar a atenção.
A
“Operação Monte Pollino” também resultou no sequestro de dois imóveis, na
apresentação de dez veículos, sendo quatro de luxo, e no bloqueio de contas
bancárias de integrantes da organização criminosa no Brasil, totalizando cerca
de R$ 3 milhões. Essas medidas foram determinadas pela 2ª Vara da Justiça
Federal em Santos.
Tráfico
não enxerga fronteiras
“O
tráfico de drogas não enxerga fronteiras, não enxerga limites. Por isso a
polícia tem que se esforçar para agir de forma cooperativa internacionalmente”.
A análise é do delegado Cézar Luiz de Souza, responsável pela Coordenação
Nacional de Repressão às Drogas, com sede em Brasília.
Souza
esteve na superintendência da PF em São Paulo acompanhando o balanço dos
mandados de prisão cumpridos simultaneamente no Brasil, Itália, espanha,
Portugal, Reino Unido, Holanda, Sérvia, Montenegro e Peru.
Oito
acusados permanecem foragidos no Brasil e no Exterior. “esse contexto de países
produtores e de país que é somente de trânsito reforça ainda mais a necessidade
de cooperação internacional. Não adianta ações específicas ou particulares em
países como o Paraguaio, Peru, Bolívia ou Colômbia, se o Brasil e a Europa
também não participarem”, finalizou Souza.
O cabeça
O
chefe da organização dedicada ao tráfico de drogas é Pasquale Bifulco, Natile
Careri, aldeia no sopé do Aspromonte em Locri que junto com seu braço direito
para Vito Zinghini e montenegrino Vladan Radoman financiou e organizou a
importação de drogas em larga escala.
A lista dos presos
1) BifulcoI Pasquale,
de 41 anos, nascido em 31/03/1973, em Careri (Reggio Calabria), residente em
Via Monte Grappa, 30, (facção Natile Novo);
2) John Cacciola, 34
anos, nascido em 08.03.1980, em Scorriton (Catânia) residente em via Vassalli
Eandi Antonio Abate, 28, 10138 Turim;
3) Ocaris Raul Hector
Cruzado, 53 anos, nascido em 26/08/1961, no Peru;
4) Bruno Crulli, 27
anos, nascido em 09.07.1987, em Locri, residente na Via Giuseppe Garibaldi 21
em Careri (Região da Calabria) (facção Natile Novo) 89030;
5) David William Daniels,
33 anos, nascido em 15/07/1981, em Liverpool (Inglaterra);
6) Miguel Baptista
Ferreira, 26 anos, nascido em 11 .09.1988, em Santa Cruz (Portugal);
7) Michael Gibbs, de
45 anos, nascido em 1969/11/09, em Crayford (Inglaterra);
8) Francisco Jurado Mancera,
46 anos, nascido 05/06/1968, em Málaga (Espanha);
9) Guillermo Olivares
Carlos Montes, 39 anos, nascido 01/02/1975, em Lima (Peru);
10) Nardella Fabrizio
Mateus, 38 anos, nascido em 13/02/1976, em Turim (Itália);
11) Michael Johnson,
de 48 anos, nascido em 04/11/1966, em Plumstead (Grã-Bretanha);
12) Antonio Pipicella,
25 anos, nascido 18/09/1989, nascido em Soriano Calabro, residente em Via
Genova, 12 Careri (Região da Calabria) (facção Natile Novo);
13) Radoman Vladan,
32 anos, nascido em 24/10/1924, em Cetinje (Montenegro);
14) Pamela Rodrigues dos Santos, 29 anos,
nascida em 11/06/1985, em São Paulo (BRASIL) 11 .06.1985;
15) Frank Scully, 59
anos nascido 25/03/1925, na Irlanda em 1955/03/25;
16) M. W. S., de 35 anos,
nascido em 10/08/1979, em São Paulo (BRASIL);
17) Maria de Fátima Stocker, 42 anos,
nascida em 10/10/1972, no Brasil em 1972/10/10;
18) Tomasin Milan Rayco Rivera, de 51 anos
nascido no Chile em 14/12/1963;, nascido no Chile; preso em Praia Grande – SP.
19) Mario Vucinic, 33
anos, nascido em 30/06/1981, em Montenegro;
20) Wagner Pereira Dutra, 38 anos, nascido
em 13/09/1976, em São Paulo (BRASIL);
21) Peter Zinghini, 30
anos, nascido em 19.10.1984 em Siderno, residente na Via Villafranca Piemonte,
Torino 2;
22) Vito Francesco Zinghini,
31 anos, nascido em 18/05/1983, em Siderno, residente em Via Tommaso
Campanella, 8 Careri (Região da Calabria) (Facção Natile Novo);
23) Savo Korac, 30 anos,
nascido 28/08/1984, em Montenegro;
24) Salvatore Antonio
Tavarnesi, de 58 anos, nascido em Natile Careri.
A Dama de Branco
Uma
semana antes, Federica Gagliardi, a dama de branco, foi presa no aeroporto de
Roma com 24 quilos de cocaína na bagagem, sem disfarce algum.
Mas
não foi por isso que ela ficou famosa como “a dama de branco”.
A
fama vem da roupa que ela usava ao acompanhar o ex-eterno-primeiro-ministro
italiano Silvio Berlusconi em sua viagem ao Canadá, Panamá e Brasil em junho de
2010.
Fonte:
Jornal A Tribuna / TV Tribuna / Ilquotidianodellacalabria / Diário do Centro do
Mundo / blog donotpanichereiam
Edição:
Segurança Portuária Em Foco
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