A cessão sem custo de uma área da União, pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), para o Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo) de Santos, a fim de abrigar seu setor administrativo, é alvo de denúncia apresentada ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Tribunal de Contas da União (TCU). Com a mudança para o novo endereço, o Ogmo planeja alugar sua sede anterior, que fica na Avenida Conselheiro Nébias nº 255, na Vila Mathias, em Santos.
No ano passado, a companhia cedeu ao Ogmo, sem custos, o imóvel da União localizado na Avenida Mário Covas, na esquina com a Avenida Coronel Joaquim Montenegro (Canal 6), no Estuário. Parte do local já abrigava o Posto de Escalação nº 3 do órgão gestor e, agora, o restante da edificação é ocupado pela área administrativa da entidade. “Além da vergonha e da aberração que foi essa transferência, fica caracterizada a má gestão do bem público e um óbvio desvio de conduta com finalidade lucrativa, uma vez que, em tese, o Ogmo vai ganhar dinheiro com o aluguel de sua casa e, ao mesmo tempo, vai morar de graça na casa dos outros, não por acaso de propriedade da União”, destacou Cirino.
No ano passado, a companhia cedeu ao Ogmo, sem custos, o imóvel da União localizado na Avenida Mário Covas, na esquina com a Avenida Coronel Joaquim Montenegro (Canal 6), no Estuário. Parte do local já abrigava o Posto de Escalação nº 3 do órgão gestor e, agora, o restante da edificação é ocupado pela área administrativa da entidade. “Além da vergonha e da aberração que foi essa transferência, fica caracterizada a má gestão do bem público e um óbvio desvio de conduta com finalidade lucrativa, uma vez que, em tese, o Ogmo vai ganhar dinheiro com o aluguel de sua casa e, ao mesmo tempo, vai morar de graça na casa dos outros, não por acaso de propriedade da União”, destacou Cirino.
O
motivo da denúncia é um acordo comercial firmado na semana passada entre a
direção do Ogmo e representantes da Prefeitura Municipal de Santos. De acordo
com o Sindaport, as partes negociaram um contrato de locação da antiga sede
administrativa do órgão gestor para o poder público pela quantia de R$ 35 mil
mensais.
Segundo o presidente do sindicato, Everandy Cirino dos Santos, no local será instalada a base da Guarda Municipal. "A Prefeitura fez um ótimo negócio considerando que o prédio é novo, sobretudo porque levou a melhor nas tratativas com o pessoal do Ogmo, que pediu inicialmente R$ 60 mil pelo aluguel do espaço e fechou por pouco mais da metade". O valor inicial do aluguel foi confirmado pela imobiliária responsável. Em fase de elaboração, o contrato será assinado nos próximos dias.
Segundo o presidente do sindicato, Everandy Cirino dos Santos, no local será instalada a base da Guarda Municipal. "A Prefeitura fez um ótimo negócio considerando que o prédio é novo, sobretudo porque levou a melhor nas tratativas com o pessoal do Ogmo, que pediu inicialmente R$ 60 mil pelo aluguel do espaço e fechou por pouco mais da metade". O valor inicial do aluguel foi confirmado pela imobiliária responsável. Em fase de elaboração, o contrato será assinado nos próximos dias.
Acionista
minoritário da Companhia Docas paulista, o líder sindical entende que tanto a
Codesp como o Ogmo estão infringindo a legislação portuária vigente. "Além
da vergonha e da aberração que foi essa transferência, fica caracterizada a má
gestão do bem público e um óbvio desvio de conduta com finalidade lucrativa uma
vez que, em tese, o Ogmo vai ganhar dinheiro com o aluguel da sua casa e ao
mesmo tempo vai morar de graça na casa dos outros, não por acaso de propriedade
da União".
Nesse
sentido, o dirigente invoca o Artigo 17 da nova Lei dos Portos (12.815/13),
sancionada pela presidente Dilma Rousseff em junho do ano passado,
"Compete à administração do porto organizado, denominada autoridade
portuária, prestar apoio técnico e administrativo ao conselho de autoridade
portuária e ao órgão de gestão de mão de obra". Para ele, a lei está sendo
desrespeitada uma vez que o apoio prestado pela estatal é "notadamente
financeiro".
Quanto
ao Ogmo, o sindicalista é enfático. "Se está falido isso não é um problema
da Codesp, mas sim dos empresários que, por força de lei, são seus legítimos
patronos e responsáveis", reclamou Cirino, garantindo que o prédio 255 da
Avenida Conselheiro Nébias só não foi vendido por estar penhorado em
decorrência de um "impagável" passivo trabalhista.
Mantido
por pouco mais de 70 empresas portuárias ao custo médio mensal de R$ 2.9
milhões, o Ogmo sobrevive graças a um acordo feito na Justiça do Trabalho que
garante a destinação regular de parte desse valor para o pagamento de cerca de
420 ações trabalhistas. Em fase de execução os processos envolvem
aproximadamente de R$ 66.9 milhões, segundo relatório disponibilizado no portal
do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT/SP), e elaborado por uma
empresa designada para auditar as finanças do órgão gestor O que sobra do valor
deduzido é usado para o custeio da folha salarial e despesas de manutenção.
Estima-se
que outras 4 mil ações tramitem em fase inicial nas varas trabalhistas locais.
"Não fosse essa composição com o judiciário, certamente que os processos
absorveriam 100% da renda e ainda avançariam nas receitas e patrimônios dos
operadores portuários por conta da solidariedade prevista na legislação",
observou o dirigente.
A
responsabilidade dos empresários está prevista na Lei nº 9.719/98, não revogada
pela nova regulamentação. "O operador portuário e o órgão gestor de
mão-de-obra são solidariamente responsáveis pelo pagamento dos encargos
trabalhistas, das contribuições previdenciárias e demais obrigações, inclusive
acessórias, ...", diz o Artigo 2º. "Quem está pagando essa acomodação
gratuita do Ogmo é o cidadão comum e não os operadores, tudo isso com as
bênçãos de uma estatal mal administrada", afirmou Cirino.
Mesmo
com seu faturamento em queda livre após a onda crescente de vinculação dos
trabalhadores portuários avulsos, graças à conciliação feita com a Justiça do
Trabalho para a amortização gradual das dívidas trabalhistas o Ogmo de Santos
vem acumulando superávit financeiro. Conforme números disponibilizados em
novembro passado no site do TRT/SP, as receitas somadas de janeiro a agosto de
2013 atingiram o valor de R$ 23.3 milhões, enquanto as despesas no mesmo
período chegaram a R$ 16.2 milhões, resultando em superávit de R$ 7 milhões.
Na
avaliação do líder sindical, a decadência dos Ogmos decorre de um modelo que
apesar de importante para os trabalhadores se tornou obsoleto para os
empresários. "Não se trata de problemas de gestão, mas de uma proposta que
teve sua importância e foi útil no passado, mas tornou-se onerosa para o
seguimento patronal, que agora está substituindo o trabalho avulso pelo
vinculado". Em 2013, entre taxas e contribuições, fixas e variáveis, o
Ogmo de Santos custou cerca de R$ 40 milhões aos seus associados.
Para
se ter uma ideia do tamanho da redução, no início da década passada, quando
assumiu a escalação de 9 mil homens aptos ao trabalho, a arrecadação mensal da
instituição batia na casa dos R$ 14 milhões, com picos de até R$ 16 milhões.
"Na época, o trabalho era realizado somente por portuários avulsos e o
faturamento era maior do que o orçamento de muitos municípios
brasileiros", lembra o dirigente.
Na
ocasião, para distribuir os trabalhadores nos locais de serviços, a bordo e no
costado das embarcações, a direção do Ogmo obteve junto a Codesp a cessão
gratuita de três áreas instaladas no cais, localizadas nas regiões do Saboó, da
Santa e da Ponta da Praia. Para tanto, um Termo de Permissão de Uso (TUP) foi
firmado em 2002.
Com
mais de 6 mil metros quadrados até então designados exclusivamente para a
distribuição da mão de obra avulsa, os postos avançados do Ogmo também foram
dotados de estabelecimentos comerciais. Suas atividades operacionais eram
ditadas por ordens vindas da sede administrativa, agora alugada para a
Prefeitura de Santos.
Para
o sindicalista a omissão e a conivência da Codesp são antigas. "Fez vista
grossa naquela ocasião e permitiu que parte das áreas cedidas, e que pertencem
a União, fossem sublocadas pelo Ogmo para bancos, cantinas e etc.",
salientou o mandatário do Sindaport, entidade laboral que representa 90% dos
1.400 empregados da Autoridade Portuária de Santos.
Na
opinião do dirigente, o aluguel do imóvel para o poder municipal se caracteriza
em desrespeito ao novo marco que regula os portos brasileiros. "O órgão de
gestão de mão de obra é reputado de utilidade pública, sendo-lhe vedado ter
fins lucrativos, prestar serviços a terceiros ou exercer qualquer atividade não
vinculada à gestão de mão de obra", destacou, mencionando o Artigo 39º, da
Lei 12.815/13. Para também acomodar os gestores do Ogmo no local de escalação, a
Codesp alterou o TPU.
Além
da denúncia, o dirigente pretende discutir o assunto diretamente com o ministro
de Portos, Antônio Henrique Silveira, e com as autoridades do MPF e TCU.
"A Codesp precisa ser mais responsável e menos conivente, até porque quem
tem superávit pode pagar e não precisa morar de graça em área pública, ainda
mais recebendo um aluguel de R$ 35 mil, um lucro e tanto", finalizou
Cirino.
Outras áreas
Em
2002, foi firmado um termo de ajustamento de conduta (TAC) entre a Docas e o
Ogmo. O acordo prevê a cessão gratuita de três áreas da União na região
portuária ou próximas a ela, para a instalação dos postos de escalação de mão
de obra.
Os
locais foram designados exclusivamente para a distribuição da mão de obra dos
trabalhadores portuários avulsos. Mas as áreas nesses postos chegaram a ser
sublocados pelo Ogmo para estabelecimentos comerciais, como cantinas e agências
bancárias. Há dois anos, a Codesp determinou que as empresas deixassem os
espaços alugados.
Fonte:
Sindaport
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