Foto:
LC Moreira/Secretaria de Portos
Sem
punição, Mário Lima assume cargo na diretoria na Companhia Docas do Ceará
Deveria
ser encarado com indignação e repulsa pela comunidade portuária nacional o fato
de as principais autoridades envolvidas nos escândalos de favorecimento
empresarial apurados pela Operação Porto Seguro, que vieram à tona há um ano,
no final de 2012, continuarem "navegando" por cargos de importância
na esfera federal. No entanto, esses sentimentos têm sido sufocados pela
impunidade vigente no Brasil. São pouquíssimos os que foram punidos pelo mar de
corrupção que toma conta do País - e que apesar de acusações ao governo atual
acontece há muitas décadas, e só cresce.
Um
dos casos mais recentes e emblemáticos no setor portuário é o do ex-secretário
executivo da Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR), Mário
Lima Júnior. Desde que foi apurado, pela Polícia Federal, o seu envolvimento
com o grupo chefiado pelo então diretor da Agência Nacional de Águas (ANA),
Paulo Vieira, que vendeu pareceres técnicos de órgãos públicos a empresas
privadas, ele teve que deixar o cargo na SEP e também a cadeira que ocupava no
Conselho de Administração (Consad) da Companhia Docas do Estado de São Paulo
(Codesp).
A
saída de Mário Lima foi considerada estratégica, para que a poeira da Operação
Porto Seguro baixasse. E de fato baixou. Polícia Federal e os grandes órgãos de
imprensa pouco se mexem para levantar o tapete e encontrar a sujeira lá
deixada. Dessa forma, o ex-secretário executivo da SEP teve caminho livre para
assumir, na última semana, a Diretoria de Infraestrutura e Gestão Portuária da
Companhia Docas do Ceará (CDC). Mário Lima tem um longo histórico profissional
na atividade portuária cearense, tendo também ocupado o cargo de Diretor de
Desenvolvimento Comercial do Complexo Portuário do Pecém.
Durante
as apurações da PF, a assessoria de comunicação da Secretaria de Portos saiu em
defesa de Mário Lima e garantiu que ele não participou da facilitação para implantar
o projeto da empresa São Paulo Empreendimentos Portuários na Ilha de Bagres, em
Santos. No entanto, a investigação interna na SEP foi comandada pelo chefe de
gabinete Raul Moura de Sá, que era subordinado direto de Mário Lima e poderia
ter poupado o superior das investigações. Sem receber punições, o agora diretor
da CDC volta a circular por Brasília, sem ter esclarecido o seu envolvimento
nas acusações.
Da
mesma forma, os ex-ministros Pedro Brito e Leônidas Cristino não esclareceram o
que sabiam (ou não sabiam) sobre o envolvimento de funcionários, indicados e
subordinados da SEP nas investigações. Tantas dúvidas permitem pensar que a
rede de venda de pareceres pode continuar a favorecer grupos empresariais nos
portos brasileiros. É possível botar a mão no fogo por essa turma (Brito é
diretor-geral da Antaq) especialmente no momento que o Brasil prepara dezenas
de licitações de terminais portuários?
Fonte:
Portogente
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