Paulo Rodrigues Vieira
O
Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP) pediu à 5ª Vara Federal
Criminal de São Paulo o desmembramento da denúncia relativa à Operação Porto
Seguro, apresentada em dezembro de 2012 contra 24 pessoas. Para a apresentação
das defesas preliminares, o que é apenas o primeiro passo do andamento do
processo, passaram-se nove meses desde o despacho da Justiça ao cumprimento das
medidas. O pedido de desmembramento consta de manifestação do MPF datado do
último dia 7 de outubro.
Deflagrada
no dia 23 de novembro de 2012 pela Polícia Federal, a operação Porto Seguro
realizou buscas em órgãos federais no Estado de São Paulo e em Brasília para
desarticular uma organização criminosa que agia para conseguir pareceres
técnicos fraudulentos com o objetivo de beneficiar interesses privados. A
suspeita é de que o grupo, composto por servidores públicos e agentes privados,
cooptava servidores de órgãos públicos também para acelerar a tramitação de
procedimentos.
Entre
os órgãos envolvidos estavam a Companhia
Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a empresa Terminal de Contêineres da
Margem Direita (Tecondi), a Agência Nacional de Águas (ANA), a Agência Nacional
de Aviação Civil (Anac) e o Tribunal de Contas da União (TCU).
O
objetivo do MPF é dar celeridade ao processo, e as ações penais decorrentes
desse eventual desdobramento deverão permanecer todos na 5ª Vara. Diante da
análise das defesas preliminares dos denunciados e da manifestação do MPF,
caberá à Justiça avaliar o recebimento da denúncia, bem como o pedido de
desmembramento.
Em
sua manifestação, o MPF requereu à Justiça que a condução do processo seja
dividida em cinco partes: Caso
Tecondi/Codesp/TCU; crimes de corrupção da Secretaria de Patrimônio da União
(SPU); corrupção nos Correios; relacionamento entre Paulo Vieira e o Ministério
da Educação (MEC); e tráfico de influência e formação de quadrilha. A denúncia
original permanecerá comum a todas as ações penais resultantes do eventual
desdobramento.
O MPF também ofereceu a quatro denunciados – Glauco
Alves Cardoso Moreira, Jaílson Santos Soares, Tiago Pereira Lima e Márcio
Alexandre Barbosa Lima - proposta de transação penal, tendo em vista que as
penas relativas aos crimes atribuídos a eles são inferiores a dois anos.
Ainda
pendem de análise, tanto por parte do MPF quanto por parte da Polícia Federal,
documentos e dados obtidos a partir das buscas realizadas na deflagração da
operação, além de relatórios e sindicâncias. Não está afastada, portanto, a
possibilidade de instauração de novos inquéritos policiais e o ajuizamento de
novas denúncias. Já está em andamento um inquérito policial sobre a eventual
prática do crime de lavagem de dinheiro, mas o MPF requereu também instauração
de um novo inquérito para apuração de eventual crime de fraude à licitação.
Operação Porto Seguro
Na
ação, foram presos os irmãos e diretores Paulo Rodrigues Vieira, da Agência
Nacional de Águas (ANA), e Rubens Carlos Vieira, da Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac). Além das empresas estatais em Brasília, como a Anac, a ANA e os
Correios, foram realizadas buscas no escritório regional da Presidência em São
Paulo, cuja então chefe, Rosemary Nóvoa de Noronha, também foi indiciada por
fazer parte do grupo criminoso. O advogado-geral adjunto da União, José Weber
de Holanda Alves, também foi indiciado durante a ação.
Exonerada
logo após as buscas, Rosemary ela teria recebido diversos artigos como propina.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, em troca do tráfico de influência que
fazia, ela chegou a ganhar um cruzeiro com a dupla sertaneja Bruno e Marrone,
cirurgia plástica e um camarote no Carnaval do Rio de Janeiro.
O
inquérito que culminou na ação foi iniciado em março de 2011, quando,
arrependido, Cyonil da Cunha Borges de Faria Jr., auditor do Tribunal de Contas
da União (TCU), procurou a PF dizendo ter aceitado R$ 300 mil para fazer um
relatório favorável à Tecondi, empresa de contêineres que opera em Santos (SP). O dinheiro teria sido oferecido por Paulo
Rodrigues Vieira entre 2009 e 2010. Vieira é apontado pela PF como o principal
articulador do esquema. Na época, ele era ouvidor da Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (Antaq) e conselheiro fiscal da Companhia Docas do Estado
de São Paulo (Codesp).
Em
decorrência da operação, foram afastados de seus cargos o inventariante da
extinta Rede Ferroviária Federal S.A., José Francisco da Silva Cruz, o ouvidor
da Antaq, Jailson Santos Soares, e o chefe de gabinete da autarquia, Enio
Soares Dias. Também foi exonerada de seu
cargo Mirelle Nóvoa de Noronha, assessora técnica da Diretoria de
Infraestrutura Aeroportuária da Anac. O desligamento ocorreu a pedido da
própria Mirelle, que é filha de Rosemary.
Fonte:
Terra
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