Seguranças
atiraram para o alto para assustar trabalhadores.
Embraport
solicitou ajuda da Polícia Federal para o controle da situação.
Guarda Portuária negocia com os
estivadores
Um grupo de aproximadamente 50 estivadores e
portuários invadiu na tarde desta quinta-feira um terminal da Embraport, na
Margem Esquerda do Porto de Santos, que fica na área continental do município
de Santos-SP. Os trabalhadores também entraram em um navio da Maersk que
operava no cais.
A ocupação ocorreu por terra, mas antes os
estivadores invadiram uma barca da Dersa que faz a travessia entre Santos e o
Distrito de Vicente de Carvalho, em Guarujá. Eles exigiam que o comandante os
levassem até o terminal da Embraport, mas não foram atendidos. Sob o
acompanhamento da Guarda Portuária,
o grupo foi levado para Vicente de Carvalho em outra embarcação.
Estivadores chegaram ao Terminal da Embraport em pequenas embarcações
No momento da invasão do terminal, seguranças
da empresa atiraram para o alto para tentar assustar os estivadores, mas não
adiantou. Ninguém ficou ferido e o grupo permaneceu no cais e no navio Maersk
La Paz.
De acordo com o presidente do Sindicato dos
Estivadores, Rodnei Oliveira da Silva, os trabalhadores vão permanecer no
convés do cargueiro. "Em fevereiro invadimos outro navio e concordamos em
nos retirar porque houve, naquela ocasião, uma promessa de negociação por parte
da direção da empresa, o que na verdade nunca aconteceu", afirma.
Os estivadores exigem que a Embraport utilize
os profissionais escalados pelo Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo). Já a
empresa afirma que não vai ceder e que está amparada pela nova Lei dos Portos,
que prevê a contratação por meio da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
Por meio de nota, a Embraport informou que
solicitou às autoridades portuárias, inclusive à Polícia Federal, a liberação
do navio Maersk La Paz e do cais onde está atracado, invadidos pelos
manifestantes. A empresa reconhece o direito democrático de manifestação, mas
repudia com veemência atos de violência e agressão.
Também por meio de nota, a Marinha do Brasil
informou que equipes da Capitania dos Portos de São Paulo permanecerão de
plantão no Canal do Estuário, monitorando a ação dos estivadores que invadiram
o navio. Já a Polícia Federal estuda a melhor maneira para contornar a
situação.
Sindicato
diz que liminar não vale para ocupação de navio
Estivadores no convés do navio Maersk La Paz
Os trabalhadores portuários não deixarão o
navio Maersk La Paz, atracado na Empresa Brasileira de Terminais Portuários
(Embraport). Isso porque a liminar expedida pelo juiz Marcelo Azevedo Chamone,
do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-SP), que determina a
desocupação do terminal, não menciona claramente a embarcação ocupada pela
categoria. A interpretação é dos sindicatos dos Operários Portuários e
Estivadores.
Com isso, apenas os portuários avulsos que
estavam dentro do terminal deixaram o local no início da noite. O restante
permanecerá no navio com bandeira de Hong Kong até que haja um acordo com a
Embraport, a respeito do uso de mão de obra avulsa no novo terminal.
Cerca de 50 trabalhadores estão refugiados
dentro do navio. A embarcação é uma das primeiras mercantes a atracar na
Embraport.
A liminar determina a desocupação de
trabalhadores portuários da Embraport, sob pena de multa diária de R$ 50 mil e
foi oficialmente apresentada aos portuários na noite desta quinta-feira.
O
que diz a liminar:
Posto isso, comprovada a posse da área pela
autora (certidões emitidas pelo Registro de Imóveis e pelo SPU, juntadas com a
inicial) e a turbação havida nesta data (fotos, também juntadas com a referida
petição), impõe-se o deferimento, em parte, da medida requisitada, com
fundamento nos arts. 932 e 933 c.c. 928, do CPC, determinando-se que os réus
cessem imediatamente o esbulho da posse da autora, e que não obstruam as vias
de acesso ao Terminal Portuário, sob pena de multa diária, ora arbritada em R$
50.000,00.
Para assegurar o cumprimento desta decisão,
oficie-se o 6º Batalhão de Polícia Militar no Interior do Estado de São Paulo,
a Polícia Federal, e a Guarda Portuária.
Trata-se de ação possessória, em que a autora
pretende assegurar a integralidade de seu direito como possuidora de área
localizada na Ilha Barnabé (Porto de Santos), determinando que os réus cessem
quaisquer medidas tendentes a tubar ou esbulhar sua posse, bem como
"obstruir as vias de acesso ao Terminal Portuário operado pela Autora e de
realizar nas portarias do terminal e de praticar atos de concentração com o
fito de tumultuar e/ou impedir os trabalhos (realização de piquetes)".
Sopesadas as garantias contidas nos arts. 5º,
XVI (todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à
autoridade competente) e 9º, caput ("É assegurado o direito de greve competindo
aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os
interesses que devam por meio dele defender"), da CF, é certo que o
conflito deste com o direito de propriedade (art. 5º, XXII, da CF), não pode
implicar na eliminação de nenhum deles, impondo-se encontrar, na ponderação dos
interesses, o ponto que assegure maior efetividade de todos.
Assim, evidencia-se a inviabilidade de
acatamento da pretensão direcionada à proibição de manifestações por parte dos
réus, mas estes não podem impedir que o autor proceda ao regular e normal de
seu direito real.
Resposta
da Embraport
Em nota, a Embraport informou que obteve a
liminar na Justiça que obriga a retirada dos invasores de seu terminal, em
Santos, e assegura a retomada normal das suas operações portuárias. A empresa
aguarda a desocupação pacífica do local.
Ainda no comunicado, a assessoria de imprensa
do terminal reitera que a ''Embraport sempre está aberta ao diálogo com
entidades sindicais e com os trabalhadores. Desde o início do ano, vem tentando
insistentemente assinar um Acordo Coletivo de Trabalho com o Sindestiva
(Sindicato dos Estivadores de Santos, São Vicente, Guarujá e Cubatão), mas este
sindicato se mantém intransigente em não aceitar a proposta da Embraport de
contratação de trabalhadores dentro da lei, com carteira assinada, com base na
CLT, regime que dá mais segurança e garantias ao trabalhador. Acordos Coletivos
nessas condições já foram assinados com o Sindaport, Sindconf e Sindogeesp, que
representam 90% da mão de obra do terminal''.
E continua: ''A empresa reitera que respeita
manifestações pacíficas, e repudia com veemência atos de violência, agressão e
de invasão de propriedade privada. Excessos eventuais ocorridos do lado de
encarregados de segurança da empresa serão apurados com rigor e com a punição
de responsáveis, se for o caso''.
Polícia
Federal avaliou embarcação
Por volta das 16h, policiais federais
avaliaram, na presença dos representantes dos sindicatos dos estivadores e dos
operários portuários, se houve danos ou avarias na embarcação com bandeira de
Hong Kong. A Reportagem apurou que nenhuma irregularidade foi constatada pela
polícia.
Os trabalhadores chegaram pelo mar, por
pequenos barcos, e subiram nos atracadouros da instalação. Quando tentaram
entrar nos portêineres (grandes guindastes responsáveis por movimentar o
contêiner entre o cais e o navio), vigilantes atiraram para o alto tentando
evitar a ação. Para se refugiar, entraram no navio atracado.
Operários portuários e estivadores chegaram a
ser recebidos a tiros pelos seguranças da instalação. Ninguém ficou ferido e a
Polícia Federal (PF) foi acionada para controlar a situação. Os trabalhadores
querem ser contratados pela Embraport de acordo com o regime de escalação do
Ogmo. Já o terminal opta pelo sistema de Consolidação das Leis Trabalhistas
(CLT).
Em nota, a Embraport informa que já solicitou
às autoridades portuárias, inclusive à Polícia Federal, a liberação do navio
Maersk La Paz e do cais onde está atracado, em Santos, invadido por manifestantes.
"A empresa reconhece o direito democrático de manifestação, mas repudia
com veemência atos de violência e agressão", diz o comunicado.
Autoridades
Portuária e Marítima
A Polícia Federal informou que analisa a
melhor maneira para controlar a situação. Ocorrências em navios e embarcações
mercantes, de caráter internacional, são de responsabilidade da PF.
A Marinha do Brasil, por meio da Capitania
dos Portos de São Paulo (CPSP), confirmou que fará o monitoramento da invasão
ao Terminal Embraport e o navio atracado na instalação, garantindo a segurança
marítima.
Assim como ocorreu em outras ocasiões,
informa a assessoria de comunicação, equipes permanecerão de plantão no Canal
do Estuário, monitorando os acontecimentos das proximidades do terminal, na
Margem Esquerda, Área Continental de Santos.
Por se tratar de um terminal privado, a
Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) não tem responsabilidade sobre
o ato.
Fonte; Jornal a Tribuna / G1 / TV Tribuna
Vídeo da TV Tribuna:
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