Coronel Cubas mostra o local onde ficava armazenada as munições
O
Cubas Clube de Tiros, no Jabaquara, sofreu atos de vandalismo no início de
junho, chegando a ser queimado. O administrador do local, o coronel da reserva
da Polícia Militar José Carlos Cubas de Almeida, culpa a própria PM pelo
ocorrido. O tempero da história é que o terreno, ocupado há 25 anos pelo clube,
é de propriedade da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), que tenta na Justiça
recuperar a área para repassá-la à Polícia.
Segundo
cubas, a PM invadiu e ocupou o terreno do empreendimento por três dias, colocou
fogo em várias dependências e destruiu os vidros do seu carro com pedradas e um
tiro de arma de fogo.
fogueira onde foram queimados os bancos do carro e ouros materiais
Questionada
sobre todas as acusações, a PM, por meio da assessoria de imprensa, não assumiu
a autoria do vandalismo e afirmou que “por não ser pare do processo, só espera
para cumprir as decisões judiciais”.
De
acordo com José Cubas, o imbróglio teve início no ano passado, quando a SPU,
com uma notificação administrativa, lhe solicitou a devolução do terreno. O
pedido foi ignorado pelo responsável do clube, pois a retirada só poderia ser
ordenada com determinação judicial.
Com
o objetivo de negociar a permanência no terreno, José Cubas procurou a SPU e
foi informado que, para seguir no local, precisaria realizar alguma espécie de
trabalho social.
“Comprovei
que já fazia isso, porque é o clube que realiza a administração dos materiais
de toda a área, deixando-a pronta, gratuitamente, ao treinamento de tiros das
polícias Civil, Federal, Militar, das Guardas Municipais e Portuária e da
capitania dos Portos. Foi comprovado o que eles (a SPU) queriam”, declara.
Início da Briga
O
tempo passou e José Cubas seguiu no aguardo de uma notificação judicial que o
obrigasse a sair. No entanto, ela não veio.
Foi
então que, a três meses, a PM tentou acelerar a desocupação da área por conta
dela e colocou policiamento militar 24 horas aqui dentro, impedindo os
frequentadores de utilizarem o clube. Interpretei aquilo de forma absurda. Como
uma viatura entra dentro da “minha casa”, se tenho todos os alvarás de
funcionamento em ordem?, questiona.
Sem nenhuma explicação, segundo ele, a PM
entrou na briga que era apenas do clube e da SPU. Inconformado, Cubas foi à
Justiça contra a Polícia e abriu um processo pelo crime deturbação de posse –
retirada forçada do bem de seu legítimo possuidor. Não demorou, a decisão
judicial favoreceu o administrador, exigindo a saída imediata da viatura do
local. O que ocorreu prontamente.
Porém,
rapidamente também foi a resposta da SPU, que conseguiu cassar a ordem
judicial, ordenando a saída de José Cubas do terreno no prazo de 30 dias.
“Estava
conformado e comecei a realizar a minha mudança. Mas, quando estávamos prestes
a terminar a retirada dos materiais, chegamos aqui (dia 04 de junho), vimos que
o portão eletrônico havia sido arrombado e lacrado”, relata José Cubas, que
recorreu da decisão com uma apelação na instância superior do Tribunal Regional
Federal.
“Fiz
uma consulta com o meu advogado e descobri que eles jamais poderiam ter entrado
no terreno e feito o que fizeram. Mesmo que não tivesse saído dentro do período
estipulado, seria necessária uma ação de reintegração de posse. Esse é o
documento que poderia, através de um oficial de Justiça, me retirar do terreno”.
Posse Mantida
Conforme
José Cubas, a PM permaneceu no clube por três dias. Em 7 de junho, chegou a
decisão do tribunal Regional Federal, do juiz Paulo Domingues, afirmando que
todas as obrigações do clube estavam em ordem e o terreno tinha que permanecer sob
posse do administrador.
No
dia seguinte, ele regressou ao clube portando a nova ordem judicial e acionou a
própria PM para que desbloqueasse a entrada.
tiro no vidro do carro
“Solicitei
que entrassem conosco, porque do lado de fora já tinha visto o meu carro (que
fica estacionado dentro do clube) baleado e queria mostrar que havia outras
coisas erradas ali”, diz José Cubas.
Ao
ingressar no clube, o administrador viu, além dos vidros do seu carro
quebrados, que os bancos foram retirados do veículo e queimados, assim como
todo o material para a prática de paintball. “Fui entrando e notando os
prejuízos. Mais de quarenta macacões e coletes sumiram”, lamenta.
Além
disso, salas que serviam como depósito de munições, pólvora e outros matérias explosivos
também foram incendiadas.
“O
nível do fogo foi tão forte que as paredes racharam e os telhados explodiram.
Os equipamentos existentes na nossa cantina foram igualmente destruídos em uma
fogueira no meio do terreno”.
todas as dependências foram queimadas
Autoria
Diante
de tudo o que ocorreu, José Cubas está abrindo processos judiciais, pois
segundo ele, não se trata de um incêndio acidental, mas, sim, criminoso. “Vamos
apurar a autoria exata desse absurdo. A Polícia Civil já esteve aqui para fazer
a perícia e a Corregedoria da PM também está avaliando a situação”, explica. De
acordo com a decisão do TRF, a permanência do Cubas Clube de Tiros no terreno
está garantida até o término do processo. O responsável pelo escritório da SPU
em Santos, Sergio Martins, afirma que a intenção do órgão é recuperar o terreno
e entrega-lo à Polícia Militar. “A PM nos pediu a área e, assim que
conseguirmos recuperá-la, iremos fazer este repasse”, diz Martins. Com a
conquista do clube no TRF, o responsável pela SPU em Santos afirma que tentará,
por meio das vias legais, reverter a situação.
Da União
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imóveis pertencem a União, em um trecho que se inicia no Morro do Jabaquara e
se estende até o Porto. Anteriormente, esses imóveis eram utilizados
irregularmente pela extinta Portobrás. Ao longo do tempo, foram sendo ocupados
para os mais diversos fins. Desde 2010, a Secretaria de Patrimônio da União
(SPU) vem buscando a regularização dessas áreas.
Estande de Tiro da Guarda
No
terreno, hoje ocupado pelo Cubas Clube de Tiros, a Companhia Docas do Estado de
São Paulo – CODESP, construiu um estande de tiros para o treinamento da Guarda
Portuária. Sempre que solicitado, este estande era emprestado para a Polícia
Militar.
Como
a Guarda Portuária não tinha efetivo para guarnecer o estande, ele foi cedido,
por contrato, para o Coronel Cubas, que instalou ali o Clube de Tiros e
aumentou a infra-estrutura no local, instalando novas pistas de tiro, cantina e
local para recreação.
No
contrato, ainda em vigor, José Cubas teria que dar instrução e ceder as
instalações sempre que requisitado pela Guarda Portuária, para o treinamento do
seu efetivo.
Segundo
Luiz Roberto Gomes, gerente da Guarda Portuária falou para o “Segurança
Portuária Em Foco”, o SPU consultou a CODESP se ela tinha interesse naquele
terreno. A empresa, através da Guarda Portuária, se pronunciou pelo interesse
da área, visto que ela é utilizada para o treinamento dos seus integrantes.
“Agora,
quando a CODESP necessita do estande para dar o treinamento para os guardas
portuários que estão em treinamento, tem gente querendo contratar um estande
fora da cidade, no qual a empresa terá que desembolsar mais de R$ 40.000,00 (quarenta
mil reais)”, disse Gomes.
Interesse Político
Segundo
o Coronel Cubas, em contato com o “Segurança Portuária Em Foco”, tudo começou
em virtude do interesse de um vereador da cidade, em instalar ali um centro
para animais.
Defesa do Interesse Público
O “Segurança
Portuária Em Foco” solicita que, em nome do interesse público, a Guarda
Portuária, a CODESP, o Sindaport, o vereador Benedito Furtado de Andrade e o
Ministério Público, saiam em defesa desta área para a Companhia Docas, afim de
que ali, a Guarda Portuária continue a utilizar para o treinamento do seu
efetivo.
Fonte: Jornal A Tribuna / TV Record - Edição Segurança Portuária Em Foco
Veja o vídeo do Programa Balanço Geral - TV Record-SP
Fonte: Jornal A Tribuna / TV Record - Edição Segurança Portuária Em Foco
Veja o vídeo do Programa Balanço Geral - TV Record-SP
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