Condenado à dez anos, sete meses e seis dias de
reclusão pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e posse
ilegal de munições, Marcio Alexandre Rodrigues Pereira, o Marcinho, de 41 anos,
foi capturado por policiais civis no início da noite de sábado (25/05), em Praia Grande.
Engajado no mundo do samba e com aspirações políticas,
ele foi apontado como dono de um carregamento de 1.541 quilos de maconha
apreendidos em 5 de julho de 2010, Marcinho foi preso ao chegar pilotando uma
moto à residência de sua ex-mulher, na Rua Pedro Américo, no Parque das Américas.
Marcinho
A juíza Mariella Amorim Nunes Rivau Alvarez, da 6ª
Vara Criminal de Santos, condenou Marcinho a 9 anos, 7 meses e 6 dias de
reclusão, em regime inicial fechado. Como na casa do réu foram apreendidas dez
cápsulas intactas de pistola calibre 380, a magistrada ainda lhe impôs a pena de 1
ano de detenção, em regime semi-aberto, pelo crime de posse ilegal de munição.
As apreensões da mais de 1,5 tonelada de maconha e
das munições ocorreram em 5 de julho de 2010. Como não estava no galpão onde a
droga foi encontrada e nem em sua residência, Marcinho se livrou de ser preso
em flagrante e respondeu a todo o processo solto. Em razão da condenação não
ser definitiva, pois ainda cabe recurso ao Tribunal de Justiça de São Paulo, a
juíza poderia permitir que ele apelasse solto.
No entanto, a magistrada negou essa possibilidade.
“Ainda que primário e não ostentando antecedentes criminais, não poderá apelar em liberdade. Os fatos
aqui apurados desassossegam a sociedade, comprometem a paz social e fulminam a
saúde pública, que se vê assolada pela ação inescrupulosa de traficantes que
unicamente almejam lucro fácil na disseminação do vício”, fundamentou Mariella
Alvarez.
A decisão da juíza também foi reforçada pela suposta
origem paraguaia da maconha. “Não custa lembrar que o réu integra quadrilha que
proporciona a entrada de droga em território nacional, sendo em seu poder
apreendida cerca de uma tonelada e meia de entorpecente, que logo seria
distribuído aos pontos de venda. É pessoa extremamente perigosa e nociva à
sociedade, sendo sua prisão medida de extrema necessidade”.
Foi a maior
apreensão feita pela Dise
O grande carregamento de maconha estava guardado em
uma espécie de depósito, trancado com cadeado, situado no galpão da Rua
Uruguai, 12, nas imediações do Mercado Municipal, próximo a área portuária. A área
era utilizada para a construção de carros alegóricos do Grêmio Recreativo
Cultural e Escola de samba (GRCES) Vila Nova, da qual Marcinho era e continua
sendo presidente.
Também ex-presidente da Liga das Escolas de Samba de
Santos e ex-presidente da Sociedade de Melhoramentos da Vila Nova, Marcinho foi
candidato a vereador em Santos pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), nas
eleições de 2008, mas teve apenas 210 votos.
O delegado Francisco Garrido Fernandes e os
investigadores Paulo Álvaro Ribeiro e Marcos Pina, entre outros, localizaram a
maconha. Na época, eles atuavam na Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes
(Dise), sendo a maior apreensão de drogas da história dessa unidade
especializada na repressão ao narcotráfico.
Provas
desapareceram
Segundo os policiais, denúncia anônima revelou que
Marcinho recebera no galpão grande quantidade de droga procedente do Paraguai.
O tóxico teria sido transportado em compartimentos
secretos de caminhões-tanques e no local, de fato, dois veículos do gênero
foram apreendidos. Eles desapareceram do pátio municipal do Monte Cabrão, na área
Continental de Santos, administrado por empresa terceirizada.
Exame preliminar constatou fundos falsos nos
veículos, mas o sumiço deles inviabilizou a conclusão das perícias.
Ao depor em juízo, o delegado garrido afirmou que os
caminhões-tanques foram subtraídos do pátio de “forma inexplicável”, sendo um
deles substituído por outro. Segundo a juíza, tal episódio “causa espécie”.
A alegação dada pelo réu para a existência dos caminhões-tanques
no galpão foi a de que no local ocorria o transbordo de óleo diesel. Porém,
conforme a magistrada constou na sentença, essa atividade era para “disfarçar a
prática de tráfico”, porque laudo pericial constatou soldas irregulares nos
tanques, indicando compartimentos falsos.
Na casa de
Marcinho, a chave
Chave encontrada na casa de Marcinho abriu o cadeado
que trancava o depósito do galpão no qual havia centenas de tijolos de maconha.
A residência fica a poucos mais de 100 metros da área usada como barracão de
escola de samba e foi vistoriada após a equipe da Dise não achar o réu no outro
endereço.
Além da chave e das munições de pistola, os policiais
apreenderam na moradia balança, tablete de maconha e documentos do réu. A residência
estava com a janela aberta, indício que o acusado saiu do local às pressas. Marcinho
também saíra do galpão pouco antes da chegada dos agentes, segundo um vigia
dessa área.
Outras testemunhas apontaram o réu como o responsável
pelo galpão, mas Marcinho negou, ao ser interrogado, qualquer vínculo com as
drogas e as munições achadas no barracão e na sua casa. Alegou que outras
pessoas possuíam a chave do cadeado do depósito e afirmou desconhecer que ali
havia mais de 1,5 tonelada de maconha.
A defesa pleiteou a absolvição do acusado por “insuficiência
de provas”, mas a juíza considerou procedente a acusação do Ministério Público.
“Impossível acreditar que o réu não sabia da existência de tamanha quantidade
de droga escondida em seu barracão, até porque a chave que abria o cadeado foi
encontrada em sua residência”.
O advogado Alex Sandro Ochsendorf informou que
recorrerá, objetivando a absolvição do cliente. Ele também disse que impetrará habeas-corpus
perante o TJ-SP “para corrigir o erro consistente na expedição do mandado de
prisão” e possibilitar que Marcinho aguarde em liberdade ao julgamento da
apelação.
Primo de
Marcinho também já foi preso
Na época, após a prisão de Marcinho, a Polícia Civil
apreendeu quase oito quilos de maconha em Praia Grande com o
seu primo, Fábio Luiz Pereira de Souza,
de 36 anos, também estivador.
Abordagem
A abordagem ocorreu na Rua dos Estivadores, no
Paquetá. Com ele foram apreendidos dois pequenos tabletes de maconha destinados
à venda. Ainda conforme os policiais, a droga veio de Santa Catarina e Fábio,
momentos antes de ser detido, teria distribuído entorpecentes na zona portuária.
Praia
Grande
Após levantar o endereço do acusado, a polícia foi
até o local com as chaves que tinham sido apreendidas com o suspeito.
No imóvel foram achados três frascos com líquido que
seria de lança-perfume, saquinhos plásticos, cinco pedaços de rolos plásticos,
anotações, comprovantes bancários e uma correspondência com outro endereço em Praia Grande.
Com outra chave achada com o acusado a polícia abriu
um imóvel naquele endereço e dentro dele havia uma geladeira. Nela estavam nove
tijolos e nove tabletinhos de maconha. Na casa havia também rolos de plásticos,
duas facas, duas balanças, um rolo de fita e uma mochila.
Diante dos fatos, foi dada voz de prisão para Fábio.
Fonte: Jornal A Tribuna -
Edição Segurança Portuária Em Foco
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