Carlos César Floriano
O
Ministério Público Federal em São Paulo quer a devolução e aplicação de multas
que totalizam R$ 38 milhões aos investigados da Operação Porto Seguro – missão
integrada da Polícia Federal e da Procuradoria da República que em novembro de
2012 desarticulou suposta organização criminosa de venda de pareceres técnicos
em órgãos federais.
Em
ação de improbidade administrativa – a primeira da Operação Porto Seguro –, o
procurador da República José Roberto Pimenta Oliveira, questiona atos
praticados com a finalidade de manter o contrato de arrendamento celebrado
entre a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) e a empresa Tecondi.
O
procurador acusa 18 réus na ação de improbidade, entre eles 10 agentes
públicos: Cyonil da Cunha Borges de Faria Jr., ex-auditor de Controle Externo
do Tribunal de Contas da União (TCU); Paulo Rodrigues Vieira, ex-diretor de
Hidrologia da Agência Nacional de Águas (ANA) e titular de cargo efetivo de
analista de finanças e controle do Ministério da Fazenda; Rubens Carlos Vieira,
diretor de Infraestrutura Aeroportuária da Agência Nacional de Aviação Civil
(Anac) e procurador da Fazenda Nacional; Manuel Luís, ex-superintendente jurídico
da Codesp; Thiago Pereira Lima, ex-diretor da Antac; Enio Soares Dias, ex-chefe
de gabinete do diretor da Antac; Glauco Alves Cardoso Moreira, ex-procurador
geral da Antac e procurador federal; Lizângela Dias Soares, titular de cargo de
agente administrativo do Ministério da Educação que tinha cargo comissionado na
ANA, como assessora de Paulo Vieira; Esmeraldo Malheiros Santos, ex-consultor
jurídico do Ministério da Educação e titular de cargo público federal; José
Weber Holanda Alves, ex-adjunto do Advogado Geral da União e titular de cargo
efetivo de advogado da União.
"As
provas já reunidas indicam a montagem de esquema sistemático, complexo e
abrangente de atuação dos réus no âmbito de órgãos e entidades públicos",
ressalta o procurador, destacando para a atuação ilícita dos envolvidos no
âmbito do Tribunal de Contas da União (TCU), Agência Nacional de Transportes
Aquaviários (Antaq), Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Agência Nacional
de Águas (ANA), Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) e
Advocacia-Geral da União (AGU). Pimenta Oliveira, autor da ação, sustenta que
as condutas revelam "gravíssima deslealdade" e "indisfarçável
dolo".
Caso sejam condenados, todos os agentes
públicos poderão perder seus cargos.
O
Ministério Público Federal já havia apresentado, em dezembro de 2012, denúncia
criminal contra os envolvidos na Operação Porto Seguro, inclusive contra
Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São
Paulo.
Haverá
compartilhamento irrestrito de provas entre todas as ações propostas pela
Procuradoria. Também foram requeridas cópias de todos os processos
administrativos e disciplinares envolvendo os acusados em suas áreas de
atuação.
Também
são alvos da ação de improbidade outros oito réus, seis deles pessoas físicas:
Carlos César Floriano, ex-vice presidente da Tecondi (Terminal de Contêineres
da Margem Direita S/A); Patrícia Santos Maciel de Oliveira, advogada; Marco
Antônio Negrão Martorelli, advogado; José Gonzaga da Silva Neto, presidente da
mantenedora da Faculdade Reges, de Dracena (SP); Kléber Ednald Silva, vinculado
na época à Faculdade Reges.
São
citadas na ação duas pessoas jurídicas: Tecondi e P1 Serviços Gerais Ltda.
"A responsabilidade das pessoas jurídicas é medida de rigor, porque foram
praticadas condutas ímprobas por réus cuja manifestação de vontade é
diretamente imputável às requeridas pessoas jurídicas." Segundo
informações da Codesp, até novembro de 2010 a Tecondi investiu R$ 257 milhões
nas áreas portuárias exploradas pela companhia.
Na
condição de terceiros foram denunciados outros oito réus, seis deles pessoas
físicas: Carlos César Floriano, ex-vice presidente da Tecondi (Terminal de
Contêineres da Margem Direita S/A); Patrícia Santos Maciel de Oliveira,
advogada; Marco Antônio Negrão Martorelli, advogado; José Gonzaga da Silva
Neto, presidente da mantenedora da Faculdade Reges, de Dracena; Kléber Ednald
Silva, vinculado na época à Faculdade Reges, de Dracena.
Também
foram denunciadas duas pessoas jurídicas: Tecondi e P1 Serviços Gerais Ltda.
"A responsabilidade das pessoas jurídicas é medida de rigor, porque foram
praticadas condutas ímprobas por réus cuja manifestação de vontade é
diretamente imputável às requeridas pessoas jurídicas", afirma a ação.
Segundo informações da Codesp, até novembro de 2010 a Tecondi investiu R$ 257
milhões nas áreas portuárias exploradas pela companhia.
O
MPF revela na ação todo o processo de corrupção utilizado para manter a
exploração de áreas portuárias no Porto de Santos, em favor da Tecondi.
Paulo
Vieira ofereceu a Cyonil Borges, então auditor do TCU, R$ 300 mil para que ele
mudasse um parecer, com o objetivo de manter o arrendamento ilegal firmado
entre a Codesp e a Tecondi.
No
primeiro parecer sobre o caso, Cyonil havia recomendado a anulação de todo o
contrato. Posteriormente, em março de 2010, apresentou um segundo parecer,
dessa vez favorável à sua manutenção. Também houve ilegalidades em pareceres e
atos emitidos na Antac e na AGU.
Foi
Cyonil quem denunciou todas as artimanhas à Polícia Federal e ao MPF, o que deu
origem às investigações da Operação Porto Seguro. O ex-auditor do TCU
reconheceu às autoridades ter recebido R$ 100 mil como pagamento pelo segundo
parecer. O MPF, no entanto, tem certeza que os valores foram muito superiores. "A
quebra de sigilo telemático permite, de forma incontornável, afirmar que Cyonil
também recebeu, pelo menos, mais quatro parcelas de pagamentos indevidos",
aponta a ação.
A
Procuradoria estabeleceu valores a serem devolvidos, acrescidos de multa, a
cada um dos investigados: Cyonil Borges, por exemplo, terá que desembolsar R$
1,69 milhão; Paulo Vieira, R$ 2,38 milhões; José Weber Holanda, R$ 2, 61
milhões.
Fonte:
O Estado de São Paulo
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