Um
grupo formado por cerca de 50 portuários avulsos invadiu um navio que trouxe
equipamentos de Xangai, na China, para o Porto de Santos. Durante a madrugada,
eles invadiram o navio Zhen Hua 10, que está atracado no Porto de Santos, com
equipamentos da Embraport Os trabalhadores protestam contra o uso exclusivo de
mãe de obra chinesa na remoção dos equipamentos, o que segundo eles contraria o
acordo entre os trabalhadores e o porto.
A invasão aconteceu na madrugada desta segunda-feira (18). Segundo previsão da administração do porto, os trabalhos de remoção dos equipamentos devem durar cerca de 22 dias. Os trabalhadores aguardam as autoridades portuárias para negociar. O navio chegou ao Porto de Santos na sexta-feira (15) carregando três portêineres, que são equipamentos usados na remoção de cargas dos navios, e 11 transtêineres, que servem para movimentar a carga já desembarcada.
Panfletagem
A
partir das 6 horas, eles iniciaram uma panfletagem sindical contra a Medida
Provisória (MP) 595, que eles consideram bastante prejudicial ao mercado de
trabalho do setor. O primeiro ponto de parada foi o Posto de Escalação 3 do
Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo) do Porto de Santos.
“Estamos
desde cedinho no Posto 3 para panfletar e mostrar à categoria o quanto seremos
prejudicados pela MP 595”, esbraveja o presidente do Sindicato dos Estivadores
do Porto de Santos, Rodnei Oliveira da Silva.
Segundo o sindicato, a intenção é esclarecer a sociedade sobre precarização do trabalho nos portos e perdas para as cidades portuárias devido a MP dos Portos, que está tramitando no Congresso Nacional.
Apoio
O
prefeito Paulo Alexandre Barbosa esteve na manhã desta segunda-feira na parede
da estiva em apoio aos trabalhadores que lutam contra a Medida Provisória 595,
que muda as regras do setor e dá margem para que portos particulares passem a
movimentar cargas que até hoje eram exclusivas dos portos públicos.
Cerca
de 200 trabalhadores do Porto de Santos irão a Brasília na próxima quinta-feira
para participar de assembleia para debater o tema.
O que é a MP?
A MP
595 causa polêmica entre os portuários desde o final de 2012, quando foi
editada e publicada pela presidente da República Dilma Rousseff. Ela muda as
regras do setor e dá margem para que portos particulares passem a movimentar
cargas que até hoje eram exclusivas dos portos públicos.
Com
isso, os avulsos temem o desemprego, já que os portos particulares - que por
lei não precisam chamar avulsos para o trabalho - teriam tudo para dominar as
cargas.
NEGOCIAÇÕES
Os
sindicatos abriram negociação com a Embraport. Ele querem um compromisso da
empresa de que ela, como terminal privado, usará esses trabalhadores para a movimentação
de carga no porto.
Em
nota, a Odebrecht informou que está negociando a saída dos portuários de dentro
do navio. Eles querem iniciar o descarregamento dos guindastes, sem os quais o
terminal não pode iniciar a operação.
"A
Embraport informa que solicitou na manhã de hoje a liberação do navio Zhen Hua
10 para retomada do desembarque dos equipamentos a serem usados em seu terminal
em Santos (SP), que permitirá o início da operação nos próximos meses."
O
navio Zhen Hua 10 veio do porto de Xangai, na China. Segundo Roberto Myasato,
que faz parte da segurança que presta serviço para a tripulação, a ocupação
ocorreu por volta das 3h. De acordo com ele, a tripulação chinesa ficou
assustada com a movimentação, mas não houve nenhum confronto.
CRONOGRAMA
Amanhã,
em Brasília, os sindicatos que representam a categoria portuária farão um
encontro nacional. O objetivo é montar uma agenda de mobilizações contra a MP.
Os
sindicatos prometem uma paralisação de seis horas no porto de Santos na
sexta-feira (22). O porto de Santos é o maior do país, por onde passaram 25,8%
do comércio exterior em 2012.
Segundo
o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força
Sindical, se as negociações não avançarem até meados de março, a categoria
entrará em greve.
SEP
O
ministro da Secretaria de Portos, Leonidas Cristino, se pronunciou a respeito
da invasão de um navio que trouxe para Santos equipamentos de Xangai, na China,
por aproximadamente 50 portuários. Segundo o ministro, a ocupação "não é
uma coisa razoável". Ele falou com a imprensa em Brasília, DF, após se
reunir com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.
Para
Cristino, a invasão foi um ponto "isolado". Ele deve se reunir ainda
nesta segunda-feira (18) com os empresários da Embraport, a Capitania dos
Portos, a Polícia Federal e com os próprios manifestantes. Outra reunião está
marcada para esta quinta-feira (21) entre o governo e representantes das
federações de trabalhadores portuários para discutir o tema.
"Eu
nunca vou interditar o diálogo. Nós temos sempre que conversar. Eles vão trazer
os pontos críticos da MP - Medida Provisória 595, que altera o marco
regulatório do setor portuário - e nós vamos continuar com essa reunião na
quinta-feira", declarou o ministro.
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