Com
a tendência de paralisação, os trabalhadores dos portos no País vão decidir em
reunião nos dias 19, 20 e 21, em Brasília, o calendário de mobilização contra a
Medida Provisória 595, que permite a privatização do setor. Nesta quarta-feira,
mais de 50 trabalhadores portuários avulsos de Santos e líderes sindicais
protestaram contra a MP. O presidente da Força Sindical, o deputado federal
Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), afirmou que a pressão dos trabalhadores é pela
paralisação.
A
medida provisória foi publicada em dezembro pela presidente Dilma Rousseff e
mudou as regras do setor portuário. "Querem destruir os portos públicos,
mas nós estaremos lutando contra. O pau vai comer", afirmou Paulinho,
mostrando a disposição dos trabalhadores. "O governo terá de negociar, sob
pena de não conseguir exportar ou importar mais nada, porque vamos paralisar os
portos do País", disse.
"Essa
MP se chama Eike Batista", ressaltou o presidente do Sindicato dos
Estivadores de Santos, São Vicente, Guarujá e Cubatão, Rodnei Oliveira da
Silva. Ele afirmou que o empresário construiu um porto no litoral do Estado do
Rio de Janeiro e vai construir outro no Estado de São Paulo e que a MP foi
feita para atendê-lo.
Segundo
Rodnei, para que a MP seja barrada, os sindicalistas decidiram costurar acordos
com o presidente do Senado, Renan Calheiros. “Sugerimos a ele o nome do senador
Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) para a relatoria da medida provisória. Este é
um senador que ouve o trabalhador. Mas se o Governo colocar outro nome, dará o
sinal de que quer confronto”, diz o presidente do Sindicato dos Estivadores,
Rodnei Oliveira da Silva.
Os
sindicalistas argumentam que a privatização vai deixar precária a relação trabalhista,
haverá demissão e perdas de direitos dos trabalhadores. "A proposta dos
estivadores de Santos é paralisar por 48 horas. Se não houver a paralisação,
não haverá recuo", disse Rodnei Oliveira. De acordo com o dirigente, no
porto de Santos são 8 mil trabalhadores avulsos ligados ao sindicato. A média
de valor pago está em torno de R$ 3 mil a R$ 3,5 mil por mês.
O
deputado Márcio França afirmou que a privatização resultará na prática de
dumping pelas empresas que terão o domínio sobre os portos, baixando os preços
até acabar com os portos que operam no sistema atual de concessão, para depois
subirem as tarifas. "Os portos privados terão todo o controle do que entra
e sai do País, sem se importar com o interesse público. É uma questão de
soberania", disse.
A
medida provisória permite a construção e a operação de terminais privativos sem
restrição de cargas. Atualmente, os terminais privativos são construídos por
empresas para movimentar suas próprias cargas. Eles têm a permissão de
movimentar cargas de terceiros, mas com restrição.
Estadão
Conteúdo - A Tribuna
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