Robson Apolinário (Sintraport) e Everandy Cirino (Sindaport) no Congresso
Representando
milhares de trabalhadores portuários de todo o País, que tememe perder
conquistas obtidas nas últimas décadas, uma comissão de deputados e
sindicalistas esteve reunido ontem com o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), para tentar impedir que a MP 595 seja aprovada da forma como foi
editada pela presidente Dilma Rousseff.
Na
ocasião, o grupo defendeu o nome do Senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE)
para relator no lugar do líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM),
cotado para a função.
O
líder do governo no Congresso, Senador José Pimentel (PT-CE), afirmou que a
comissão especial da MP deve ser instalada no próximo dia 20.
Para
a presidente do Sindaport, Everandy Cirino dos Santos, o resultado da reunião
foi satisfatório. “O simples fato de o senador Renan Calheiros ter ouvido as
nossas ponderações foi importante, sobretudo porque deixamos consignada a nossa
posição diante do desacato e da intransigência do Governo com relação aos
portuários”.
Para
Cirino, os trabalhadores saíram do encontro fortalecidos. “A categoria continua
mobilizada e esperançosa, até porque, se os nossos argumentos não forem
aceitos, não teremos outra saída a não ser paralisar os portos nacionais”.
Outro
que também saiu confiante da audiência foi Guilherme do Amaral Távora,
presidente do Sindogeesp. “Apesar de o presidente do senado ter deixado claro
as dificuldades que terá para conseguir a indicação do senador Valadares,
acredito que o peso do cargo que ocupa e seu poder de articulação sejam
elementos que podem fazer a diferença a nosso favor”.
Jozimar
Bezerra de Menezes, presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Bloco, também
manifestou otimismo. “Estamos fazendo corpo a corpo com deputados e senadores
para tentar conquistar mais aliados à nossa causa, que é das mais nobres, já
que estamos falando do mercado de trabalho dos portuários”.
Privatização
Os
deputados Marcio França (PSB-SP) e Paulo Pereira (PDT-SP), o Paulinho da Força,
acompanharam os sindicalistas durante a audiência.
Marcio
França afirmou que a privatização resultará na prática de dumping pelas
empresas que terão o domínio sobre os portos, baixando os preços até acabar com
os portos que operam no sistema atual de concessão, para depois subirem as
tarifas.
“Os
portos privados terão todo o controle do que entra e sai do País, sem se
importar com o interesse público. É uma questão de soberania”, disse.
Para
o vice presidente do Sindicato dos Trabalhadores Portuários (Sintraport),
Claudiomiro Machado “Miro”, a audiência com Calheiros e a plenária na Câmara
foram “estratégicas e proveitosas”.
“Tudo
o que queremos é que o governo nos ouça, o que não aconteceu até agora”, diz o
sindicalista. “A audiência com o presidente do Senado foi a abertura da porta
para o diálogo”.
Governo afirma que decisão será mantida
Apesar
da ameaça de greve dos trabalhadores dos portos do País, o governo não vai
ceder às pressões dos sindicatos que querem alterar a MP 595.
O
governo entende que os únicos que poderiam ter seus “direitos prejudicados”
seriam os práticos, trabalhadores portuários responsáveis pela manobra dos
navios. Mas ressalta que não são estes trabalhadores que estão liderando o movimento.
A
greve será decidida em plenária marcada para os dias 19, 20 e 21, em Brasília.
O presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva
(PDT-SP), afirmou que a pressão dos trabalhadores é pela paralisação.
Paulinho,
dirigentes sindicais portuários, o deputado federal Marcio França (PSB-SP) e a
deputada estadual Telma de Souza (PT-SP), se reuniram na Câmara e protestaram
contra a MP.
“Querem
destruir os portos públicos, mas nós estaremos lutando contra. O pau vai comer”,
afirmou Paulinho, para quem a MP foi elaborada para beneficiar o empresário
Eike Batista. “Foi o advogado dele que fez a MP no Palácio do Planalto”.
“A
proposta dos estivadores de Santos é paralisar por 48 horas. Se não houver a
paralisação, não haverá recuo”, disse o presidente do Sindicato dos
Estivadores, Rodnei Oliveira.
Já o
presidente do Sintraport, Robson Apolinário, acredita que a não eleição dos
membros da comissão parlamentar foi uma resposta dos congressistas ao veto da
presidente Dilma Rousseff ao artigo 3º da Lei dos Royalties.
Audiência
A
pedido da deputada estadual Telma de Souza (PT-SP), a ministra –chefe da Casa
Civil, Gleisi Hoffmann, receberá uma comissão de portuários no dia 14 para
tratar da MP 595.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários publicados não representam a opinião do Portal Segurança Portuária Em Foco. A responsabilidade é do autor da mensagem. Não serão aceitos comentários anônimos. Caso não tenha conta no Google, entre como anônimo mas se identique no final do seu comentário e insira o seu e-mail.