* Texto extraído de matérias publicadas no Jornal a Tribuna - Santos
Os
dirigentes de sindicatos portuários se reuniram com procuradores do Ministério
Público do Trabalho – MPT, na tarde de ontem (04/02), para analisar os efeitos
da Medida Provisória 595/12 no Porto de Santos.
O
encontro foi convocado pelo MPT, que também quer debater as alterações na forma
de contratação dos portuários com o relator da MP, senador Eduardo Braga
(PMDB-AM), em Brasília.
O Coordenador
Nacional do Trabalho Portuário e Aquaviário do MPT (CONAPTA), procurador
Maurício Coentro Pais de Melo, abriu a reunião criticando a medida provisória. “essa
MP desagrada gregos e troianos”, disse ele, referindo-se a trabalhadores,
operadores (empresários) estabelecidos no porto organizado, prefeituras e
outros segmentos do setor.
Maurício
Coentro ponderou que, apesar de pontos conflitantes entre o MPT com os
sindicatos, principalmente em relação à implantação da escala eletrônica, a MP
nos une em aspectos comuns. “A restrição ao mercado de trabalho dos portuários
registrados ou cadastrados no Órgão Gestor de Mão de Obra – OGMO, imposta pela
medida provisória, é um dos pontos convergentes”.
Maurício
destacou que a MP não garante a renda dos trabalhadores, extingue as
Autoridades Portuárias e compromete a segurança do setor.
O vice-coordenador
da Conapta, Ângelo Fabiano Farias da Costa, adiantou que o MPT entrará em
contato com o relator da MP. E anunciou que a coordenação do órgão também irá
alertar os deputados federais integrantes da comissão para os aspectos
negativos da MP 595/12.
“Nós
ouvimos as preocupações dos representantes dos sindicatos e 95% dos temores que
eles têm são os mesmo que os nossos”, disse o procurador Rodrigo Lestrade.
Segundo
o procurador, a MP pode criar uma situação desigual para tratar iguais.
“Terminais de fora da área do porto organizado poderão contratar profissionais
fora do Ogmo. O que prejudicaria muito trabalhadores e empresas”. Isso porque
empresários fora da área do porto poderiam ter a liberdade de contratar outros
trabalhadores com salários mais baixos, explica o procurador. A MP também não
faz menção à Guarda Portuária,
então, não fica claro como ficará o controle de acesso ao cais primário”.
Sindicalistas
O
presidente do Sindicato dos Estivadores, Rodnei Oliveira da Silva, sugeriu que
o MPT entre com ação de inconstitucionalidade da MP por não garantir o trabalho
portuário avulso. “A medida fere o artigo 7º, inciso 3º, da Constituição
Federal, que garante a mão de obra avulsa nos portos. Não abrimos mão desse
direito constitucional”, disse Nei.
O
presidente do Sindicato dos Rodoviários, Valdir de Souza Pestana, alertou para
a possibilidade da MP permitir a utilização de mão de obra própria dos
armadores a bordo. “Esses trabalhadores internacionais têm jornada de doze
horas, contra as oito no Brasil, ou seis, no caso do porto, e recebem salário
de fome”.
O
presidente do Sindicato dos Operários Portuários, Robson de Lima Apolinário,
pediu urgência nas ações. “Nos portos europeus, os governos não participam das
operações, mas sim permanecem nas administrações e são autoridades portuárias”.
Para
o presidente do sindicato dos Empregados na administração Portuária, Everandy
Cirino dos Santos, a reunião foi muito positiva. “Conseguimos expor nossas
reivindicações e apresentar os danos que a MP vai causar aos trabalhadores”.
Os
trabalhadores marcaram uma plenária com as federações e sindicatos amanhã, em
Brasília. Outra plenária está agendada para ocorrer entre os dias 20 e 22.
Por Carlos Carvalhal
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