Embraport concorda em requisitar
trabalhadores para descarregar equipamentos
A
tensão no Porto de Santos, com a invasão na madrugada de segunda-feira do navio
chinês Zhen Hua 10, terminou na noite desta terça-feira (19) quando a
Embraport, em cujo terminal está atracada a embarcação, fechou acordo com o
Sindicato dos Estivadores para desocupação do navio. A empresa vai requisitar
os trabalhadores, via Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo), para descarregar seus
equipamentos.
Três
barcos foram utilizados na desocupação, que aconteceu de forma pacífica. As
embarcações foram escoltadas pela Capitania dos Portos e Polícia Federal (PF).
Os
estivadores desocuparam o navio sob os gritos de “Estiva unida, jamais será
vencida”. O presidente do sindicato, Rodnei Oliveira da Silva, declarou que,
foi a primeira grande vitória dos trabalhadores” “Esses trabalhadores são
heróis vitoriosos, pois permaneceram esses quase dois dias em vigília no navio
lutando por seus direitos, ficando a maior parte do tempo sem água e sem
alimento”.
E
concluiu: “Agora, a nossa outra batalha será a partir de amanhã (quinta) em
Brasília sempre lembrando que na sexta-feira, o Porto de Santos estará em greve
por seis horas”.
Durante
toda à tarde desta terça-feira, agentes da PF permaneceram a bordo do Zhen Hua
10 para negociar a saída pacífica dos trabalhadores. Cogitou-se a retirada
deles à força da embarcação, caso houvesse resistência.
Acordo
Um
acordo, firmado entre o Sindicato dos Estivadores, Sindicato dos Operários
Portuários e a Embraport, irá garantir a utilização dos trabalhadores no
descarregamento dos equipamentos - três portêineres, equipamentos usados na
remoção de cargas dos navios, e 11 transtêineres, utilizados para movimentar a
carga já desembarcada - que estão no navio. Esse trabalho estava sendo
realizado por trabalhadores chineses, o que motivou a invasão ao navio.
Embraport
Em
nota, a Embraport confirmou o acordo com os sindicatos e trabalhadores, e
esclareceu que é absolutamente infundada a alegação de que teria contratado
profissionais chineses para o desembarque e a montagem dos equipamentos de seu
terminal.
A
empresa disse ainda que, estes procedimentos são realizados pelo fabricante dos
equipamentos e seus funcionários, conforme exigência contratual do fornecedor,
aspecto esclarecido desde o primeiro momento da negociação com os sindicatos.
Excepcionalmente, neste caso, a Embraport contratará equipe de trabalhadores
avulsos para o acompanhamento do desembarque dos equipamentos.
O
terminal portuário da Embraport, um investimento de R$ 2,3 bilhões, ainda não
tem movimentação de cargas.
Cruz Vermelha levou alimentos para
estivadores
Após
16 horas sem alimentos e 12 horas sem água fresca, os 46 estivadores e cinco
operários portuários que ocupavam o navio ‘Zhen Hua 10’, atracado do cais
público da Embraport, comeram e beberam.
A
Cruz Vermelha Brasileira, filial de Santos, conseguiu transpor a proibição
imposta pela Capitania dos Portos e Polícia Federal (PF), que desde a tarde
desta segunda-feira (18), impedia o abastecimento.
Às
14 horas desta terça-feira (19), o barco alugado pelo Sindicato dos Operários
Portuários (Sintraport), chegou a bordo do navio chinês, com o representante
santista da Cruz Vermelha, Bento Ferreira.
Ele
e o presidente do Sintraport, Robson de Lima Apolinário, tiveram que mostrar
sua documentação aos representes da Marinha do Brasil e da PF, antes de subir a
bordo.
Os
policiais revistaram os mantimentos, compostos de frutas, lanches e água
mineral climatizada, e orientaram o embarque, após verificar que estava tudo
certo.
Para
Robson Apolinário, a Cruz Vermelha “fez toda a diferença. Não fosse ela, até
agora os companheiros estariam sedentos e famintos, com risco de passar mal por
problemas de saúde”.
Nas
primeiras avaliações, eles contataram um portuário diabético que precisava
urgentemente de insulina. Também houve tomada de pressão arterial e outras
análises de praxe nessas situações.
Tensão será transferida amanhã para
Brasília
A tensão
nos portos do País deve crescer nesta quinta-feira (21), com a instalação, às
10 horas, da comissão mista no Congresso Nacional que irá avaliar a Medida
Provisória (MP) 595. Portuários, que iniciaram nesta terça uma plenária
nacional em Brasília, prometendo invadir o Congresso Nacional para protestarem.
Eles
articulam uma greve nacional para março e preparam paralisação de protesto por
6 horas, na próxima sexta-feira.
O
descontentamento com a MP é geral e envolve não só os trabalhadores, como
também as empresas já estabelecidas no sistema portuário. Já, os grandes
investidores defendem a aprovação da MP-595 junto com as grandes empresas que
pretendem instalar terminais de uso privativo (TUPs).
Líderes
sindicais prometem hoje muita pressão e uma das armas será a deliberação de uma
greve em todos os portos do País.
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