A
audiência pública realizada nesta quarta-feira no Congresso Nacional, para
avaliar a MP 595 gerou protestos dos trabalhadores portuários. O motivo foi a
inclusão do Sindicato dos Transportes Terrestres em Transportes Aquaviários e
Operadores do Estado (Settaport) no grupo formado para discutir o novo marco
regulatório dos portos.
A
participação da entidade laboral foi muito criticada pelos sindicalistas,
sobretudo os de Santos. “Foi uma manobra traiçoeira e de bastidores que
permitiu a participação na mesa de negociação de uma entidade que entendemos
ser alheia à atividade portuária", disse o presidente do Sindicato dos
Estivadores, Rodnei Oliveira da Silva.
Ele
criticou os critérios usados para permitir o ingresso do Settaport. “Criaram na
hora um mecanismo de votação entre as representações para avaliar a entrada de
um sindicato estranho ao segmento, que acabou aceito com as bênçãos de alguns
caciques do PT”.
MPT é incluído
Os
sindicalistas elogiaram, porém, a aceitação, pelo relator da MP, Eduardo Braga
(PMDB-AM), do representante do Ministério Público do Trabalho, Maurício Coentro
Paes de Melo, chefe da Coordenadoria Nacional do Trabalho Portuário e
Aquaviário (Conatpa), na comissão de trabalho.
Para
o presidente do Sindicato dos Operadores de Guindastes e Empilhadeiras
(Sindogeesp), Guilherme do Amaral Távora, os trabalhadores ganharam um aliado.
“O promotor se colocou ao lado dos portuários por discordar de algumas
cláusulas da MP que retiram direitos da categoria, e por isso, pedimos sua
participação no grupo de trabalho”.
Cronograma
O senador
Eduardo Braga (PMDB/AM) apresentou, na audiência, o cronograma de trabalho.
Braga é relator da matéria e propôs requerimento solicitando a realização de
audiências públicas para ouvir diferentes segmentos ligados à MP dos Portos,
como é conhecida a Medida. Os membros da Comissão aprovaram o requerimento apresentado
pelo relator.
A
agenda prevê que as audiências públicas ocorram nas próximas três semanas, até
o dia 20 de março. Já na próxima semana, entre os dias 5 e 6 de março, os
parlamentares receberão os representantes de federações nacionais dos trabalhadores
portuários. Para a semana seguinte, entre os dias 13 e 14, a Comissão Mista
ouvirá representantes da iniciativa privada, os operadores portuários –
representando um segmento – e os usuários de portos, como a Confederação
Nacional da Indústria e a Confederação Nacional da Agricultura – representando
outro.
Na
última semana prevista para as audiências públicas, até o dia 20 março,
representantes do governo falarão sobre a MP dos Portos. Serão convidados
representantes dos ministérios dos Transportes, do Trabalho, do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, da Secretaria de Especial de
Portos e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários. Além desses segmentos,
a Comissão Mista deve receber também especialistas do setor de logística e portos,
como economistas e engenheiros.
Ainda
conforme o cronograma aprovado, o relator deve apresentar parecer sobre a
Medida no dia 3 de abril. A apreciação do relatório pela Comissão Mista está prevista
para o dia 10 de abril.
Braga
defendeu a pluralidade do debate ao apresentar a proposta de cronograma de
trabalho. Para o senador, todos devem ter espaço para falar durante as
audiências públicas. “Não posso dar um peso e uma medida a um grupo e outro
peso e outra medida a outro grupo. Isso não faz parte da minha política, não
trabalho assim”, declarou.
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