Manifestação na frente da Companhia Docas do Estado de São Paulo - CODESP
Após
sete horas de paralisação, os trabalhadores portuários de todo o Brasil
voltaram ao seus postos, às 13 horas, desta sexta-feira. Eles cruzaram os
braços em protesto contra a Medida Provisória (MP) 595, que muda as regras do
setor. Em todo o País, 23 mil avulsos de diversas categorias aderiram a greve.
Desse total, 8 mil são do Porto de Santos.
Em
Brasília, governo e representantes dos trabalhadores portuários firmaram um
acordo para suspender as greves nos portos do país até o próximo dia 15 de
março, período em que serão negociadas alterações no marco regulatório (MP
595). A negociação foi feita pelo ministro da Secretaria Especial de Portos,
Leônidas Cristino.
Segundo
o ministro, o governo concordou em suspender licitações dos portos até a data
acordada com os trabalhadores, apesar de garantir que não havia licitações
previstas até lá. No entanto, disse que os estudos para o início desse processo
estão mantidos.
Cristino
não descartou mudanças no texto da MP. “Não temos intenção de mudar a essência
do texto, mas estamos abertos à negociação”, garantiu. Os representantes dos
trabalhadores comemoraram o resultado da greve de hoje e consideraram a paralisação
essencial para a abertura de negociações com o governo.
Com
o acordo, está suspensa a paralisação prevista para a próxima terça-feira,
conforme estratégia aprovada pelos trabalhadores para pressionar o governo. A
próxima rodada de negociação ocorrerá na próxima sexta-feira com a participação
do relator da MP, senador Eduardo Braga (PMDB-AM).
Essa
foi a primeira paralisação organizada por trabalhadores portuários por conta da
MP 595. Os protestos tiveram início na última segunda-feira, com panfletagem e
a invasão do navio chinês Zhen Hua 10 , carregado com equipamentos que serão
instalados no terminal da Embraport, em Santos. Na oportunidade, os portuários
decidiram cruzar os braços nesta sexta-feira.
No
final da noite de quinta-feira, uma liminar do Tribunal Superior do Trabalho
(TST) proibiu os sindicatos de paralisarem os portos. Mas, em Santos, a medida
foi descumprida porque os sindicatos dizem que não foram avisados.
No
Porto de Santos, a greve fez com que 17 navios, dos 20 que estavam atracados,
deixassem de operar das 7 h às 13 h. Segundo a Codesp, a operação de três
navios foram possíveis, pois o embarque e desembarque é realizado de forma automatizada,
sem mão de obra.
Por
volta das 9h30, cerca de 50 sindicalistas bloquearam a linha férrea, na altura
do Valongo, para impedir qualquer mobilização de cargas.
'Sucesso'
O
deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, presidente da
Força Sindical, disse que a greve foi um sucesso. "Nossa dificuldade era ter o diálogo, e
hoje conseguimos abrir este canal”, comemorou. Ainda de acordo com o
parlamentar, 36 portos em 12 estados participaram da paralisação.
Segundo
o presidente da Federação Nacional dos Portuários (FNP), Eduardo Guterra, a
manifestação não prejudicaria a movimentação de mercadorias como remédios,
alimentos perecíveis, trigo e carvão. No entanto, afirmou que não deixariam de
protestar contra o que dizem ser um grande erro da presidente Dilma Rousseff.
“O
Brasil não pode abrir mão de controlar seus portos e o portuário não pode pagar
a conta dessa nova modelagem. Ouvimos muito falarem em aumento de
competitividade nos portos, mas isso vai acabar criando monopólio, com poucas
empresas sendo donas de tudo e o porto público esvaziado”, disse Guterra.
Governo diz que quer manter 'essência'
da MP dos Portos
O
ministro da Secretaria Especial de Portos, Leônidas Cristino, disse que, apesar
do acordo com os trabalhadores portuários para suspender as greves até 15 de
março, o governo não está disposto a aceitar mudanças no que considera a
“essência” da Medida Provisória (MP) 595/2012, que estabelece novo marco
regulatório para o setor.
De
acordo com o ministro, o governo está disposto a dialogar, mas haverá um
limite. “Não temos interesse em mudar a essência da MP porque ela demonstra,
com muita clareza, que vai ampliar a movimentação de carga com menor preço.
Isso é básico. Agora, nós abrimos o canal de negociação. E, negociações, nós
podemos fazer se não prejudicar o mais importante”, ponderou.
Pressionado
pela greve dos trabalhadores do setor portuários, que paralisaram as atividades
em 36 portos em 12 estados, o governo decidiu congelar os processos de
licitação de portos e se comprometeu a não anunciar nenhum decreto de
regulamentação da MP 595/2012, também chamada MP dos Portos, até a data
acordada com os representantes dos trabalhadores.
“Temos
que ter a humildade de dizer que precisamos conversar, abrir o leque de
negociação, para que tenhamos o consenso e consigamos aprovar a medida
provisória para que esse marco regulatório dê mais eficiência para o sistema
portuário nacional”, acrescentou o ministro.
Com
as medidas anunciadas pelo governo, os representantes dos trabalhadores se
comprometeram a não promover outras paralisações, pelo menos, até o próximo dia
15 de março. Até lá, serão realizadas outras rodadas de negociações entre governo
e os representares dos trabalhadores.
“Até
o dia 15, não vamos fazer os processos licitatório, embora os estudo vão
continuar, e também não vamos fazer nenhum decreto em relação à medida
provisória”, disse o ministro Leônidas Cristino. No dia 18, ele já havia
anunciado que os terminais de Santos e Belém serão os primeiros a ser licitados,
ainda neste semestre.
A MP
595, em tramitação no Congresso Nacional, deverá ser analisada até 17 de março,
antes que comece a trancar a pauta da Câmara dos Deputados, onde a votação será
iniciada. A matéria recebeu 646 emendas de parlamentares e está sendo analisada
por uma comissão parlamentar mista que tem como relator o líder do governo no
Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), e como presidente o líder do PT na Câmara,
deputado José Guimarães (CE).
Para
os representantes dos trabalhadores, a greve de hoje obrigou o governo a voltar
à mesa de negociações. “Nossa dificuldade era de ter um dialogo com o governo,
e agora ficou clara essa abertura [depois da paralisação]. Propusemos um prazo
de fechar essa negociação até o dia 15 de março e também colocamos ao governo
algumas reivindicações que foram atendidas”, disse o deputado federal Paulo
Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, presidente da Força Sindical.
Segundo
Paulinho da Força, o governo concordou também em retirar as ações na Justiça
contra os sindicatos, incluir o relator
da MP 595 na mesa de negociação, além de suspender as licitações e não editar
decretos.
“Em
troca disso, os trabalhadores aceitaram suspender greves e paralisações até o
dia 15. Até lá, com essas negociações evoluindo como acreditamos que vão
evoluir, não haverá greve. Se não houver acordo, cada um fará o que achar
melhor. Agora, o que o governo considera essência, é que para nós é o grande
problema”, frisou o deputado.
Entre
os pontos considerados essenciais para os trabalhadores, estão a manutenção do
Órgão Gestor de Mão de Obras (Ogmo) para alocação de trabalhadores e a paridade
de custo entre os portos públicos e privados.
Fonte: Jornal A Tribuna
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