SEGURANÇA PORTUÁRIA INTERNACIONAL / TECNOLOGIA
O Sistema de Identificação e Informação Geográfica (SIIG) do Porto de Sines foi distinguido com o prémio SAG – Special Achievement in GIS 2012, atribuído pela ESRI. O prêmio foi entregue na International User Conference, que decorreu no Centro de Convenções de San Diego, na Califórnia, Estados Unidos da América, no fim de Julho. O galardão reconhece as mais inovadoras e inteligentes aplicações da tecnologia da ESRI, sobre a qual foi desenvolvido este sistema no porto de Sines, tendo o projeto português sido um dos que se destacou entre os milhares de Sistemas de Informação Geográfica implementados ao longo deste ano em todo o mundo.
Atualmente em operação na Administração do Porto de Sines, o SIIG é uma ferramenta transversal que suporta diferentes áreas de negócio, desde o planejamento e operações portuárias, o cadastro e ordenamento portuário, a gestão de concessões, a gestão de infra-estruturas e equipamentos, à segurança e ambiente. Neste sistema, destaca-se o módulo de planejamento operacional que está totalmente integrado com a “Janela Única Portuária”, disponibilizando a informação de gestão operacional de navios e mercadorias sobre cartografia oficial. Os utilizadores deste módulo podem, com base na informação operacional e de segurança, realizar cenários de operações e simular geograficamente o estado e a ocupação do porto no horizonte temporal desejado, otimizando a ocupação dos cais, a utilização dos recursos e a fluidez dos navios.
O investimento do SIIG foi de 300 mil euros, com uma duração de 11 meses, tendo sido co-financiado no âmbito do Programa Operacional Valorização do Território do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN).
O Sistema de Identificação e Informação Geográfica (SIIG)
O Porto de Sines é o principal porto na fachada ibero-atlântica, tendo entrado em operação em 1978. As suas características geofísicas têm contribuído para a sua consolidação como activo estratégico nacional, sendo, por um lado, a principal porta de abastecimento energético do país (petróleo e derivados, carvão e gás natural) e, por outro, posiciona-se já como um importante Porto de carga geral/contentorizada com elevado potencial de crescimento para ser uma referência ibérica, européia e mundial.
O Porto de Sines e a sua Zona Industrial e Logística de retaguarda, com mais de 2.000 ha, são já uma plataforma logística de âmbito internacional com capacidade para receber os grandes atores dos sectores marítimo-portuário, industrial e logístico.
Uma estrutura como o Porto de Sines, cuja complexidade de gerir diferentes áreas da atividade portuária, desenvolve uma necessidade de utilização de ferramentas de apoio e de gestão poderosas, bem como, a integração com outros sistemas.
Nesse sentido, a Administração do Porto de Sines decidiu implementar um Sistema de Informação Geográfica (SIG) com vista a uma mais eficaz e eficiente gestão e planeamento das operações portuárias.
Assim, o Sistema de Identificação e Informação Geográfica (SIIG) do Porto de Sines é um sistema de suporte à decisão baseado em informação geográfica e de negócio, cobrindo toda a sua infra-estrutura interna e externa. O SIIG visa a gestão e planejamento das operações portuárias em contexto SIG, suportando a produção e gestão normalizada de informação portuária, bem como a integração das regras e processos de negócio de forma transversal.
Objetivos
1. Aumento dos níveis de eficiência da gestão e supervisão portuária;
2. Aumento dos níveis de segurança e operacionalidade do porto;
3. Suportar as operações diárias (planejamento de operações portuárias, gestão do domínio e concessões, segurança, ambiente, cadastro e ordenamento portuário, entre outros) com informação geo-referênciada;
4. Integrar com os sistemas existentes e agir como uma plataforma integradora, facilitando a consulta e o acesso à informação de forma transversal;
5. Aumentar a eficácia dos processos existentes;
6. Aumentar a competitividade do Porto.
Desafios: Integrar sistemas internos
· AIS – Sistema de Identificação Automática de Navios;
· JUP – Janela Única Portuária (Plataforma de despacho eletrônico de navios e cargas);
· SSP – Sistema de Supervisão Portuária (Vigilância);
· CSH – Centro de Sistemas e Help-desk;
· CUP – Cartão Único Portuário;
· OSIRIS C3 – Sistema de Gestão de Emergência;
· SAP ERP - Sistema Integrado de Gestão Empresarial;
· ALOHA – Aplicação de modelação de incidentes ambientais (EPA/NOAA);
· DW – Data Warehouse;
· METEO - Estação meteorológica e bóia ondógrafo.
Solução
Implementado em 2011 pela EGStrategy com a colaboração da Indra na integração com a JUP, o sistema está suportado em tecnologia Esri e engloba uma camada de dados (ArcSDE sobre Oracle), uma camada lógica aplicacional (ArcGIS Desktop/Server e lógica de negócio) e uma camada de apresentação (Web – ArcGIS API for Flex).
Suportado por um ambiente Desktop que responde aos processos de actualização e validação de informação e análises adhoc, o SIIG é essencialmente Web, utilizando para o efeito um portal web, composto por sete módulos, que suportam as áreas funcionais como o Ordenamento e Cadastro, Concessões e Áreas Dominiais, Estatística, Planejamento e Operações Portuárias, Segurança e Ambiente.
Figura 1 – Áreas funcionais suportadas pelo SIIG.
A utilização dos produtos Esri no Porto de Sines tem duas vertentes - uma através da utilização desktop e outra através da solução web. A utilização desktop permite a criação de mapas, estudos e análises espaciais, apoiando diariamente as diferentes área funcionais do porto, sendo sem dúvida uma ferramenta poderosa e com grande potencial. A outra vertente é a utilização web, através de um portal web permitindo o acesso em qualquer parte do porto à informação organizada disponível, utilizando o perfil de cada utilizador e o módulo funcional adequado.
A escolha de uma solução estável e com o potencial do ArcGIS trouxe logo de início uma garantia de bom funcionamento e a possibilidade de integração com os diferentes sistemas de informação existentes no porto, traduzindo-se assim num benefício.
A utilização do software ArcGIS pela equipa SIG, tem permitido a preparação da informação a disponibilizar no Portal SIIG, a elaboração de mapas diversos, efectuar análises de evolução e desenvolvimento de expansão do porto, estudos de dragagem, estudo e modelação de exploração de recursos pétreos da pedreira do porto, estudos de percurso para novos investimentos e estudos de novas rotas marítimas.
Também noutra área como a gestão do sistema, a equipa tem-se desdobrado na assistência aos diferentes utilizadores, carregamento, validação e atualização de dados da GDB, organizando e estruturando mais informação no sentido da disponibilização da mesma.
Módulos da Solução SIIG
1. Módulo Base
· Disponível para todos os utilizadores;
· Funcionalidades base Impressão normalizada;
· Localização e identificação de embarcações e navios;
· Localização de terminais, edifícios e vias na área de jurisdição do porto;
· Consulta de plantas técnicas por piso dos edifícios;
· Consulta de áreas codificadas de manutenção.
2. Módulo de Ordenamento e Cadastro
· Acesso condicionado a utilizadores autorizados;
· Funcionalidades base de SIG;
· Identificação de edifícios e gestão da manutenção;
· Gestão de infra-estruturas;
· Confrontação entre as áreas e os activos do porto, com impressão de relatórios normalizados;
· Identificação da ligação às redes existentes numa dada localização, com impressão de relatórios normalizados;
· Visualização e confirmação dos registros cadastrais;
· Pesquisa por localização, identificação e visualização de projetos;
Figura 2 - Consulta de Informação associada aos edifícios. Visualização de plantas técnicas.
3. Módulo de Concessões e Áreas Dominiais
· Acesso condicionado a utilizadores autorizados;
· Funcionalidades base de SIG;
· Identificação de Áreas Dominiais, incluindo relatórios normalizados e consulta de plantas de contrato;
· Identificação de Áreas Disponíveis, incluindo acesso/consulta de documentação associada;
· Identificação de edifícios e consulta de plantas técnicas dos edifícios;
· Comparação entre concessões e ativos do porto, com possibilidade de imprimir relatórios normalizados;
· Identificação das ligações às redes existentes numa dada localização, com impressão de relatórios normalizados;
· Visualização e consulta das infra-estruturas de rede disponíveis.
Figura 3 - Identificação de uma área dominial e o respectivo relatório normalizado (também disponível para a totalidade das áreas dominiais)
4. Módulo de Segurança
· Acesso condicionado a utilizadores autorizados;
· Funcionalidades base de SIG;
· Mapeamento e consulta das áreas de segurança do porto (ISPS Code - International Ship and Port Facility Security Code);
· Mapeamento e consulta em tempo real do número total de veículos e pessoas por área de segurança (integração com CUP – Cartão Único Portuário);
· Visualização em tempo real das imagens das câmaras de vigilância (integração com SSP – Sistema de Supervisão Portuária);
· Modelação de incidentes ambientais (integração com ALOHA - EPA/NOAA);
· Análise de rotas, com possibilidade de contemplar barreiras físicas;
· Acesso a dados meteorológicos em tempo real (integração com a estação meteorológica e bóia ondógrafo.
Figura 4 - Visualização em tempo real das imagens das câmaras de vigilância (integração com SSP – Sistema de Supervisão Portuária)
5. Módulo de Ambiente
· Acesso condicionado a utilizadores autorizados;
· Funcionalidades base de SIG;
· Acesso a dados meteorológicos;
· Gestão do Plano de Monitorização Ambiental do Porto;
· Mapeamento e Identificação dos pontos de monitorização (água, esgotos e areias);
· Identificação de Resíduos Sólidos Urbanos, incluindo relatórios normalizados;
· Modelação de acidentes (integração com o ALOHA - EPA/NOAA);
· Análise de rotas, com possibilidade de contemplar barreiras físicas.
Figura 5 - Monitorização ambiental – consulta da evolução temporal dos indicadores ambientais (consulta gráfica)
6. Módulo de Planejamento e Operações Portuárias
· Acesso condicionado a utilizadores autorizados;
· Funcionalidades base de SIG;
· Identificação de navios e cargas;
· Visualização, consulta e análise de planeamento/operações portuárias;
· Visualização em tempo real da localização dos navios a entrar no porto, dentro do porto ou a sair do porto (AIS);
· Construção de cenários de operações portuárias;
· Permite despoletar de ações com base em cenários previamente definidos;
· Produção de vídeo do histórico do movimento portuário (30 dias);
· Consulta do movimento de carga por Terminal;
· Cálculo de rotas marítimas entre portos.
Figura 6 - Alocação de cabeços – o operador pode ajustar a posição dos navios de forma a optimizar a utilização do espaço em cais
7. Módulo de Indicadores
· Acesso condicionado a utilizadores autorizados;
· Disponibilização de indicadores de negócio, nomeadamente movimentos de navios e cargas por localização, por terminal e por concessão, utilizando a integração com o Data Warehouse do Porto.
Figura 7 - Consulta de indicadores de movimentação de navios, cargas movimentadas, contentores, bancas, entre outros (integração com o Data Warehouse)
Resultados
A concentração e organização de informação existente, que se encontrava dispersa e a possibilidade da sua disponibilidade imediata aos utilizadores do SIIG numa resposta mais eficaz e eficiente.
Opinião
Sendo a atividade portuária uma área muito específica e abrangente, a equipa de projeto, após um período inicial de estudo e adaptação, conseguiu assimilar estas particularidades e o funcionamento do porto, permitindo assim falar a mesma linguagem no sentido de atingir o objetivo pretendido para o projeto.
A composição da equipa foi também um ponto muito importante, no meu ponto de vista. A estruturação da equipa por um grupo multidisciplinar, bem coordenado e muito motivado, permitiu que toda a equipa usufruísse de uma rápida adaptação ao meio portuário e ao projeto. O trabalho sendo muito vasto e diversificado implicou um empenho redobrado da equipa, que foi incansável no sentido de dar resposta ao pretendido pela APS, considerando-se que atingiu e superou o objetivo traçado inicialmente.
A opção por uma solução Esri foi, desde o início, a que mais garantias apresentava, tanto a nível de estabilidade, como evolução de software, tendo em vista o projeto pensado para o Porto de Sines, bem como o conhecimento e desenvolvimento de diversos projeto nesta área dos SIG. Esta opção tem-se afirmado como uma boa aposta.
Em termos de resposta foi cumprido o prazo previsto, tendo-se implementado o projeto em 11 meses e dentro do valor previsto, questão de grande importância porque este projeto foi co-financiado por fundos comunitários.
Para um projeto desta dimensão e tendo em conta as diferentes integrações previstas, o volume de material a tratar e a diversidade das áreas envolvidas, considero que a implementação deste projeto foi um sucesso e uma vitória para as equipas nele envolvidas.
asdasdasdasd
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